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O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, pediu na sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar as contas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista e de usar notas frias para comprovar rendimentos, informa o colunista Ricardo Noblat em seu blog. Cabe ao Supremo autorizar ou não a abertura do inquérito. O presidente do Senado afirmou, por sua vez, que foi ele quem pediu à procuradoria que abrisse uma investigação para que pudesse esclarecer todas as denúncias. Renan disse que enviou uma carta ao procurador e à imprensa, que não quis publicá-la.

- Há mais de 15 dias pedi ao procurador-geral para abrir meu sigilo, que fizesse uma investigação para que eu pudesse mostrar toda a minha verdade. Eu mandei uma carta a ele, vocês não divulgaram porque não quiseram - afirmou Renan.

Em carta encaminhada aos demais senadores, Renan disse estar sendo vítima de uma campanha de difamação e faz duros ataques à revista "Veja", que na edição desse fim de semana o acusa de usar laranjas para acobertar sua suposta sociedade em emissoras de rádio.

- Todo mundo quer saber por que não pára essa campanha que a revista criou. A mais recente foi a tentativa frustrada da revista em relação à Schincariol, que não tem nada a ver comigo. O que todo mundo quer saber é por que a revista quer me colocar como cortina de fumaça. Fica discutindo coisas menores que não interessam à sociedade, quando deixa na obscuridade um negócio de 1 bilhão de reais, que é a venda da TVA, da editora Abril, proprietária da Veja, a uma empresa internacional. Isso é o que interessa à sociedade e precisa ser esclarecido - disse.

No pedido, Antônio Fernando sugere uma série de providências para conferir se o presidente do Senado de fato pagou a pensão alimentícia da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, ou se as despesas foram custeadas pelo lobista da empreiteira Mendes Junior. Em entrevista na manhã desta segunda-feira na abertura de uma reunião do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Antônio Fernando disse que, se for necessário, ampliará as investigações sobre o presidente do Senado.

Segundo o procurador, a abertura de inquérito não interferirá na avaliação que o Conselho de Ética fará.

- A inciativa que tomei tem o objetivo de esclarecer a questão sob a perspectiva penal sem nenhuma interferência no que vai ser definido no Senado. É a forma processual adequada - afirmou.

A situação do peemdebista se agravou no fim de semana, com a publicação de uma nova denúncia pela revista "Veja". Segundo a publicação, o senador seria sócio oculto de emissoras de rádio em Alagoas e teria comprado um grupo de comunicação em seu estado utilizando laranjas, pagando R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo e omitido a transação das autoridades fiscal e eleitoral. O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), considerou graves as novas acusações e já avisou que vai requisitar documentos e recibos à revista para iniciar investigação.

PSDB e DEM podem apresentar nova representação contra Renan

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), informou nesta segunda-feira que o PSDB e o Democratas vão analisar a possibilidade de apresentar uma nova representação no Conselho de Ética para apurar a denúncia. Virgílio convocou reunião com a bancada do partido às 12h30m desta terça-feira para analisar o caso.

- A situação é muito desagradável. O (usineiro) João Lira confirma a denúncia e isso é muito grave. Estamos vivendo um momento bastante difícil e cada dia o presidente da Casa tem que se explicar. Além disso, a Casa tem uma série de temas importantes para serem votados. A permanência de Renan também vai comprometer a agenda de votação. Estamos entre a cruz e a calderinha - afirmou

Em discurso na tribuna do Senado, o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), voltou a pedir que o presidente da Casa, Renan Calheiros, se afaste do cargo - Agência Senado

Em discurso na tribuna do Senado, Virgílio e o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), voltaram a pedir nesta segunda-feira que Renan se afaste do cargo.

- Tantos nesta Casa já pediram em vão que o senador Renan se licencie da presidência do Senado. Vou propor amanhã (terça) aos meus companheiros de partido que não votemos mais nada sob a presidência do senador Renan - disse.

Além da investigação sobre o uso de recursos do lobista de uma empreiteira para o pagamento de pensão à filha - que já corre no Senado - a Mesa Diretora da Casa vai decidir nesta terça-feira como vai proceder com as denúncias de que Renan teria feito lobby para a Schincariol e que, em pagamento, a empresa comprou uma fábrica de bebidas da família Calheiros a preço acima do de mercado. A representação foi iniciativa do PSOL, na semana passada.

Oposição ameaça não votar projetos com senador na presidência

Além de dar força ao movimento que pede o licenciamento imediato de Renan do cargo, as suspeitas podem atrapalhar votações importantes, como a correção de pequenos erros na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.

O vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), admite que projetos fundamentais para o país podem ser afetados na retomada real dos trabalhos legislativos, esta semana, após o recesso de julho:

- A temperatura vai voltar a subir (com as novas denúncias). Há uma série de assuntos delicados e de importância para o Brasil, como a prorrogação da CPMF e da Desvinculação de Recursos da União (DRU) que precisam ser analisados e que podem sofrer com esta crise.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirmou que a nova acusação é ainda pior do que a primeira, e que ele acredita que esta semana Renan vai perder parte do apoio que tem na base governista e em seu próprio partido:

- Nós da oposição decidimos que não votaremos mais nada enquanto o Senado for presidido por Renan. Tenho certeza de que isso aumenta o descontentamento da base governista e do PMDB.

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