Cânion Guartelá faz parte da APA da Escarpa Devoniana| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo/Arquivo

Principal órgão responsável por proteger o meio ambiente no estado, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) disse que não iria se manifestar sobre a proposta de redução da Área de Preservação Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana por não ter participado da elaboração do projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa.

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Já Clóvis Borges, diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), classifica a proposta como um retrocesso, que não reflete os parâmetros que levaram à formação da APA em 1992. Para ele, os argumentos do projeto não se justificam, na medida em que a área da Escarpa Devoniana não é uma unidade de conservação restritiva. Ao contrário, diz o ambientalista, é bastante flexível, garantindo a manutenção das atividades econômicas já existentes no local, dentro do regramento da legislação ambiental do país.

INFOGRÁFICO: conheça a Escarpa Devoniana

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De norte a sul do estado

No total, 12 municípios do Paraná estão na área de abrangência da Escarpa Devoniana: Lapa, Balsa Nova, Porto Amazonas, Palmeira, Campo Largo, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengés. Trata-se da maior APA do estado e compreende nove unidades de conservação, sendo cinco Reservas Naturais do Patrimônio Natural e quatro parques estaduais abertos à visitação: Vila Velha (em Ponta Grossa), Parque do Cerrado (em Jaguariaíva), Parque do Monge (na Lapa), e Parque do Guartelá (em Tibagi).

“A redução da APA é inaceitável e atende ao interesse do agronegócio de forma unilateral, não ao interesse público. É evidente que eles devem ser ouvidos, mas tem de haver ponderação. Infelizmente, governo e Assembleia não têm tido a devida isenção para discutir esses temas. Quem arrota mais grosso leva e, desse jeito, sempre vai prevalecer o aspecto econômico”, critica. Ele ressalta, por exemplo, que o estudo que embasa o projeto foi feito pela Fundação ABC, cujo objetivo, segundo a própria entidade, é “promover soluções tecnológicas para o agronegócio”.

Pró-redução

Por outro lado, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre) defende que a medida não irá interferir na conservação da área a ser preservada, sobretudo porque o Código Florestal já estabelece as dimensões que deverão continuar sendo respeitadas. “O que é área de conservação será mantido; o que é destinado à produção também, podendo, apenas, o produtor escolher qual a melhor cultura que lhe convém”, diz a nota.

Representante das empresas reflorestadoras do estado, a Apre afirma que o setor está presente em 50 mil hectares da Escarpa Devoniana por meio de “remanescentes, reservas legais e Áreas de Preservação Permanente (APP), que recebem o cuidado e atenção necessários, evitando, inclusive, perdas com incêndios, comuns em parques e outras áreas que não estão sob a gestão privada”.

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A secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Balsa Nova, Jucélia Ferreira, também é favorável ao projeto que tramita no Legislativo estadual. Segundo ela, 73% do município está dentro da APA da escarpa e, por isso, já há uma série de restrições ambientais que dificultam o crescimento econômico da cidade.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]