Neblina fecha Afonso Pena para pousos e causa revolta em passageiros
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Tensão com FAB pode provocar novos protestos de controladores
A queda-de-braço entre o Comando da Aeronáutica e os controladores de vôo, que alegam estar sendo vítimas de punições no trabalho, poderá levar a um novo caos aéreo. Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", há um indicativo de greve para segunda-feira (2) dos controladores civis do Rio de Janeiro e também uma mobilização dos militares em alguns pontos do país que pode refletir em alguns problemas ainda nesta sexta-feira (30). Esse movimento poderá deflagrar paralisações ou novas operações-tartaruga em diversos aeroportos brasileiros.
A sexta-feira é problemática nos aeroportos brasileiros, porque os operadores de vôo deflagraram uma operação-padrão com controle de fluxo de aviões, ou seja, redução do número de aeronaves no ar. Em Brasília, os controladores estão aquartelados, ou seja, teriam decidido permanecer voluntariamente por tempo indeterminado no Cindacta I, a central de controle de tráfego aéreo da capital.
Segundo fontes ligadas aos militares, já existem mais de 100 controladores no local. Há pouco, o Cindacta 1 ofereceu um almoço de confraternização com churrasco para comemorar o Dia do Meteorologista e do Especialista, mas os operadores se recusaram a comparecer. Nem mesmo o lanche que a organização oferece a quem está de serviço foi aceito pelos militares, o que alimenta rumores de que eles pretendem entrar em greve de fome.
Segundo a Infraero, dos 956 vôos previstos para entre 0h e 14 de hoje, 144 estão com mais de uma hora de atraso, o que representa 15,1% do total programado.
Na tarde desta sexta-feira, o sindicato reúne dos controladores civis, que representam cerca de 10% das categoria, divulgou nota para apoiar o protesto dos colegas militares. Não confiamos nos nossos equipamentos e não confiamos nos nossos comandos, diz o documento.
A mobilização já provocou paralisação nesta madrugada nos aeroportos de Curitiba e Manaus. Neste último, as operações foram suspensas durante 30 minutos, o que segurou em terra seis aviões, inclusive um da American Airlines. A categoria está planejando uma paralisação geral ainda para esta sexta-feira. Na madrugada da quinta-feira, o Aeoporto de Manaus ficou fechado durante oito horas por causa da paralisação dos controladores de vôos.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, está reunido com o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Infraero, e representantes da Aeronáutica. O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, disse, ao chegar para reunião, que pretende propor que a Infraero controle as operações de pouso e decolagem em 67 aeroportos, num raio de 10 quilômetros em volta do aeroporto, como já é feito em 22 aeroportos.
No Aeroporto Tom Jobim, no Rio, 12 vôos atrasaram nesta manhã, sendo que um deles está com mais de cinco horas. Três vôos atrasaram, no aeroporto Santos Dumont: dois da TAM e um Gol .Em Congonhas, São Paulo, 13 vôos têm atraso de mais de 45 minutos. No aeroporto de Brasília, dos 50 vôos previstos, 12 atrasados. A maioria vindos dos Norte.
No Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. O maior atraso é de quase duas horas, de um vôo vindo do aeroporto Galeão (RJ). Há atrasos também para pousos de vôos vindos de Brasília, dos aeroportos de Congonhas e Guarulhos (SP). Para decolagem em Confins, os atrasos afetam vôos com destino a Vitória (ES), Santiago (Chile), Natal (RN) e Buenos Aires (Argentina). No aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, não há registro de atrasos para pousos e decolagens.
Segundo fontes ligadas aos trabalhadores, os controladores esperavam uma solução para os problemas do setor nas últimas negociações do presidente Lula com o comando aéreo. Mas, em vez disso, Lula pediu um diagnóstico preciso dos problemas, com data, dia e hora para resolver os problemas.
Os controladores estão insatisfeitos e consideram que, após seis meses do acidente da Gol - completados quinta-feira - nada foi feito. Eles argumentam que o governo já tem informação de que o problema passa pelos controladores de vôos "excesso de carga de trabalho e baixos salários", infra-estrutura (equipamentos, radares, instrumentos de auxílio à navegação aérea) e também de falta de pessoal, tanto controladores como técnicos para manutenção dos equipamentos.
Há rumores em Brasília de que um controlador ligado à Associação Brasileirol de Controladores de Vôo teria sido transferido da capital para Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em retaliação por estar participando da mobilização dos profissionais.
A Infraero, no entanto, nega que esteja havendo uma operação-padrão nos aeroportos. No entanto, a Associação Controladores de Vôo informou que não vai mais conter os ânimos dos funcionários da categoria.