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Pelo menos 140 mil pessoas saíram às ruas neste domingo em 14 Estados e no Distrito Federal para protestar contra a presidente Dilma Rousseff e a corrupção, segundo estimativas da polícia, em atos mais dispersos e com menor número de participantes em relação às manifestações realizadas em março.

A segunda manifestação contra o governo federal em menos de um mês acontecia em Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal, de acordo com a mídia local.

Segundo organizadores dos protestos, ao menos 230 mil pessoas aderiram aos atos em todo o país neste domingo. Estão confirmados protestos em cerca de 170 cidades, segundo o Movimento Brasil Livre, que defende o fim da corrupção, da impunidade e pede “impeachment já” na convocação das manifestações em sua página na Internet.

Em Brasília, onde os manifestantes já dispersaram, o protesto reuniu cerca de 25 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, bem menos do que as 45 mil que participaram do protesto de março. Organizadores estimaram em cerca de 40 mil a adesão neste domingo.

O ato se concentrou na Esplanada dos Ministérios e no fim da manhã os manifestantes foram até o Congresso Nacional, onde gritaram palavras de ordem contra a presidente Dilma com ajuda de carros de som. Um grupo chegou a entrar no espelho d’água com bandeiras do Brasil.

Apesar da manifestação pacífica, a polícia afirmou ter detido duas pessoas por embriaguez e tentar interromper o tráfego.

Os organizadores admitiram um número menor de participantes pelo calor intenso na capital federal, mas advertiram que o movimento espontâneo contra o governo poderá crescer novamente a qualquer momento devido à deterioração da economia e ao escândalo envolvendo a Petrobras.

“Dilma está pisando em ovos. Seu futuro depende do caso Lava Jato. Ela vai ser responsabilizada. Ninguém realmente espera que ocorra o impeachment, porque grande parte da classe política também está envolvida, mas a pressão popular pode forçá-la a renunciar”, disse Cristia Lima, ativista do grupo anticorrupção chamado BCC.

Além de cartazes “Fora Dilma”, também havia pedidos e faixas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que deve participar do julgamento de políticos envolvidos na operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras, partidos e políticos.

O servidor público Mauricio de Souza, de 57 anos, que votou duas vezes no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se arrepende de ter ajudado a colocar o PT no poder, foi ao protesto com sua mulher.

“Queremos a presidente e o PT fora. Eles roubaram muito, mentiram muito também”, afirmou.

No Rio de Janeiro, o protesto está sendo realizado na orla da praia de Copacabana e vai em direção ao Leme, com adesão de 10 mil pessoas ao movimento, segundo a Polícia Militar, que estimou que 15 mil pessoas foram às ruas no protesto de março.

Houve um princípio de tumulto neste domingo quando um homem com a bandeira do PT foi hostilizado e precisou ser escoltado pela polícia no Rio. Também houve protesto no interior do Estado.

Além de pedir a saída de Dilma, os manifestantes também enalteciam o trabalho do juiz federal Sergio Moro, responsável pelo inquérito da operação Lava Jato.

“Esse governo é um absurdo de corrupção, fraudes e irregularidades. As pessoas vêm para a rua para mostrar que não aguentam mais tanta maracutaia e para o governo que não somos cordeirinhos. Temos opinião e senso crítico”, disse a aposentada Sueli Seixas.

CAMINHONEIROS EM SÃO PAULO

Em São Paulo, os atos contra Dilma acontecem principalmente no interior do Estado em cidades como Campinas, Ribeirão Preto, Guarulhos e no Grande ABC.

Na capital, a manifestação começou às 14h na avenida Paulista, importante via da cidade e tradicional ponto de concentração de protestos. Imagens da TV mostram uma faixa gigante verde e amarela estendida por manifestantes com a frase em preto “impeachment já”.

A PM ainda não divulgou uma estimativa oficial de número de manifestantes em São Paulo, mas a expectativa é de um número menor de participantes ante o protesto de março, quando a polícia estimou um milhão de pessoas.

Um comboio com cerca de 30 caminhões chegou a São Paulo e tentou acessar à região da avenida Paulista, mas, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP), foi impedido por questão de segurança. Em fevereiro, caminhoneiros bloquearam várias estradas federais por dias, em protesto contra o preço do frete e do diesel.

Em Belo Horizonte, cerca de 2,5 mil pessoas protestavam em frente à Praça da Estação. Manifestações menores também eram registradas no interior do Estado.

No Twitter, partidários de Dilma manifestaram sua contrariedade aos protestos deste domingo, e a hashtag #AceitaDilmaVez já era a segunda mais publicada, segundo a lista de principais tópicos discutidos no site de microblog.

Em 15 de março, centenas de milhares de pessoas foram às ruas do país também para protestar contra a corrupção e alguns grupos pediram a saída de Dilma, no momento em que ela e o governo enfrentam índices de aprovação muito baixos, em meio a um cenário de econômico mais difícil, de aumento do desemprego, da inflação e baixo crescimento.

Segundo a pesquisa Datafolha publicada no sábado, a rejeição a Dilma parou de cair, mas em um patamar ainda muito elevado.

O levantamento mostrou que 13 por cento dos entrevistados acreditam que Dilma faz um governo bom ou ótimo, mesmo percentual da pesquisa anterior, enquanto 60 por cento consideram o governo ruim ou péssimo, 2 pontos abaixo da pesquisa anterior. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.

Ao mesmo tempo, a pesquisa mostrou que 63 por cento dos brasileiros apoiam a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Três dias depois da manifestação de março, a presidente lançou em Brasília um pacote de medidas contra a corrupção. Na ocasião, Dilma disse que “a corrupção no Brasil não foi inventada recentemente” e argumentou que seria enfrentada de forma aberta.

Com as recentes manifestações, Dilma se junta a outros dois presidentes que enfrentaram protestos populares no período da redemocratização: Fernando Collor de Mello, que acabou sofrendo impeachment, e Fernando Henrique Cardoso.

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