O delegado Protógenes Queiroz negou nesta quarta-feira (6) na CPI dos Grampos que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tenha participado, "como instituição", das investigações da Operação Satiagraha, realizada pela Polícia Federal (PF) para apurar denúncias de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, na qual chegou a ser preso o sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas. Porém, o delegado admitiu que agentes da Abin participaram das investigações.
Segundo o delegado, essa participação se limitou a "alguns oficiais de inteligência da Abin, alguns policiais" com os quais ele ainda mantém "relações de trabalho", porque ele, Protógenes, como policial, é "parte do sistema brasileiro de inteligência". Ele disse que houve uma "relação integrada" com esses policiais para "troca de dados, como cadastros e endereços" de pessoas sob suspeita, mas negou que esses agentes da Abin tenham tido acesso a informações resultantes de gravações de conversas telefônicas.
O relator da CPI, deputado Nelson Pelegrino (PT-BA), insistiu em questionar o delegado sobre possível participação de outros policiais, além de agentes da PF nas investigações da Satiagraha feitas com base em escutas telefônicas. Protógenes respondeu que somente policiais federais participaram do trabalho relacionado à interceptação telefônica, e não os da Abin.
O delegado confirmou que foram investigados o advogado e ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalg, o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e a repórter Andréa Michael, do jornal "Folha de S. Paulo", mas disse que não poderia entrar em detalhes sobre isso. "Possa ser (sic) que os indícios que levaram às investigações se revelem não criminosos no final e que não sejam acusados. Um inquérito é uma peça de informação e não uma prova de acusação", ressaltou.