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A Polícia Federal (PF) descobriu que o Sistema Guardião foi violado durante a Operação Satiagraha. Arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), convocados para integrar a equipe de investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas, tiveram acesso à máquina de grampos da PF e a eles foram cedidas senhas pessoais e intransferíveis que só poderiam ser usadas por agentes federais legalmente habilitados. A PF está convencida de que foi o delegado Protógenes Queiroz, na condição de comandante da Satiagraha, quem autorizou o uso de senhas por agentes da Abi.

A revelação sobre o ingresso na área proibida da PF foi feita pelo agente da Abin Jerônimo Jorge da Silva Araújo. Em depoimento no inquérito 24.447/08, que investiga o vazamento de dados da Satiagraha, Araújo disse ter sido "introduzido clandestinamente" nas instalações da Superintendência da PF em São Paulo, em área de acesso controlado do Serviço de Inteligência, onde "trabalhou livremente e passou a ouvir e a degravar áudios interceptados pelo sistema, no bojo da operação em questão".

O relato do agente da Abin chocou a cúpula da PF, que tem o Guardião como sua mais preciosa jóia no combate ao crime organizado. É seleto o quadro de federais autorizados a freqüentar a meca da escuta telefônica. A PF planeja indiciar Protógenes criminalmente por violação ao artigo 10 da Lei 9.296/96 - a Lei do Grampo, que pune com até 4 anos de reclusão de servidor que afronta o segredo de Justiça. Protógenes disse não temer seu futuro na instituição. "Não nasci delegado."

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