O clima na cúpula do PSB era de mais tranquilidade na segunda-feira à noite em relação a permanência do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, no cargo. Mas no entorno do presidente da legenda, o governador Eduardo Campos (PE), o sentimento é que o episódio pode deixar sequelas na relação do partido com o governo. O entendimento é que o Planalto demorou para explicitar que não havia desconfiança em relação ao ministro e os socialistas dizem ainda que há, sim, setores do PT interessados em enfraquecer Eduardo Campos.
A preocupação agora é com a exploração política de sua ida ao Congresso esta semana e uma eventual fragilização do ministro às vésperas de uma reforma ministerial.
"O que aconteceu é absolutamente despropositado. Não era o momento para ter acontecido isso. Quando retrocederam (os palacianos), o estrago já estava feito. O governador Eduardo Campos tem aparecido muito e transita bem na oposição. Sempre apoiamos o governo da presidente Dilma, mas temos uma posição de independência. Tem gente no PT, que a gente sabe quem é, que tenta desestabilizar o Eduardo através do ministro Fernando Bezerra", afirma o deputado Júlio Delgado(PSB-MG).
Apesar de todos os sinais do governo para respaldar o ministro da Integração Nacional no meio do bombardeio de denúncias envolvendo sua administração como prefeito e ministro, interlocutores de Eduardo Campos consideram que o episódio deixará um passivo que poderá ser cobrado lá na frente.
"Todo mundo no PSB está muito sentido. O Planalto poderia ter evitado que o ministro ficasse queimando ", dizia na segunda-feira um interlocutor direto de Eduardo Campos.
Ele afirmou que o desmentido da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) de que o governo faria monitoramento do Ministério de Fernando foi muito pouco e não explicou que, em 30 de agosto do ano passado, a presidente Dilma esteve na barragem de Cupira dando a ordem de serviço para a obra - o que aumentou a liberação de recursos do ministério para Pernambuco.
"Depois dessa reunião de hoje (segunda-feira), com Fernando fortalecido ao ser indicado para anunciar as medidas, a página foi virada. Mas o travo e o gosto de injustiça ficou. Como deixam o ministro ser fritado desse jeito e não esclarecem direito o que houve de fato? Ele não praticou ali nenhum ato sozinho. Todos sabem que nenhum ministro faz nada nem nenhuma emenda é liberada sem passar pela Ideli e Glesi", completou outro interlocutor de Eduardo Campos.
O governador Eduardo Campos não pediu para Fernando Bezerra não ir ao Congresso, mas há uma preocupação. E comparam o caso dele ao do ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que sob bombardeio, se recusou a ir ao Congresso. Um integrante do PSB afirmou: Está tudo esclarecido. Talvez não precisasse o Fernando ir ao Congresso. Mas ele quer. Pimentel, numa situação dessas, quantas coletivas deu? Quantas vezes foi ao Congresso?
No PSB há ainda a preocupação de que o caso Fernando Bezerra respingue nas pretensões políticas de Eduardo Campos.
"O Eduardo é um vencedor e (com isso) vai criando um certo fantasma. Existem pedaços do PT e do governo que acham que isso pode ser um problema lá na frente. Ninguém chuta cão morto. A sensação no PSB é que havia uma vontade de buscar o assunto (para queimar o partido). Se ela (Dilma) achou que o partido deixaria o Fernando ao relento, se enganou", disse o ex-líder do partido na Câmara Márcio França (SP).
Os petistas afirmam que a presidente Dilma não quer criar nenhum problema com PSB agora, principalmente porque o partido tem sido muito leal nas votações no Congresso.
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