O PT vai fazer um ato de desagravo aos correligionários presos no processo do mensalão, José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, durante o 5º congresso do partido, que acontecerá na próxima semana, de 12 a 14 de dezembro, em Brasília. O tema faz parte de debates internos ao longo das últimas semanas e a Executiva do partido escolheu fazer um evento isolado para evitar que o tema dominasse a abertura do Congresso, constrangendo a presidente Dilma Rousseff, que estará presente. Na abertura, apenas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou aos correligionários que tratará do tema do mensalão.
O ato já consta da programação oficial do evento. Na sexta-feira 13 de dezembro, às 10h, o tema será tratado com o seguinte título: "Solidariedade aos companheiros injustiçados". A ideia dos organizadores é demonstrar o apoio do partido aos condenados que mesmo presos não passaram por qualquer processo disciplinar na legenda. São esperadas também fortes críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, especialmente, ao presidente da Corte, o ministro Joaquim Barbosa.
A decisão de realizar a homenagem foi tomada após Dirceu, já preso na Papuda, em Brasília (DF), ter reclamado que o ex-presidente Lula ainda não tinha se manifestado sobre as prisões, como revelou o Estado. Lula, então, discutiu com a cúpula petista a fórmula mais adequada para a homenagem.
Participarão do Congresso 800 delegados de todo o País. Na abertura, será dada posse ao presidente da legenda, Rui Falcão, reeleito com ampla maioria no mês passado. A nova Executiva será formada, mas sua composição só deve ser acertada na véspera, no dia 11, quando o partido reunirá seu diretório nacional.
A reunião do partido quase foi cancelada devido à falta de conteúdo para os debates. Como, porém, o hotel em que será realizado o evento já estava reservado, inclusive com a hospedagem dos delegados paga, optou-se por manter o evento mesmo após a prisão da antiga cúpula do partido. Serão realizadas apenas duas mesas temáticas: Perspectivas do 5º Congresso; e Legado e Futuro do Projeto Democrático Popular.
No texto-base do documento que será discutido no Congresso do PT elaborado pelo assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia e pelo deputado Ricardo Berzoini (SP), o PT vai criticar o sistema político-eleitoral. Na avaliação da legenda, esse modelo "favorece a corrupção e corrói o conteúdo programático da ação governamental". "Desde 2003, sobretudo, temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema político brasileiro, verdadeira camisa de força que impede transformações mais profundas e impõe um 'presidencialismo de coalizão', que corrói o conteúdo programático da ação governamental", diz trecho.
O texto traz ainda críticas ao Judiciário definido como "lento, elitista, pouco transparente e permeado por interesses privados". Há ainda uma autocrítica sobre a "burocratização" do PT e a definição de um mote para a campanha de 2014 na defesa dos 11 anos de governo petista: "Nunca menos". A minuta elaborada até agora poderá ainda sofrer emendas e será votada somente no último dia do Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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