BR Distribuidora é o alvo da 9ª fase da operação
A nona fase da Operação Lava Jato foca em dois núcleos de operação dentro da Petrobras: a Diretoria de Serviços e a BR Distribuidora. De acordo com o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, um operador do esquema interliga as duas áreas. Ele teve a prisão preventiva decretada.
No núcleo da Diretoria de Serviços a força-tarefa que investiga a Lava Jato identificou 11 novos operadores do esquema. Em seus depoimentos em regime de delação premiada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco citou quem seriam os operadores do esquema dentro da diretoria. Entre os nomes está Júlio Camargo, que firmou acordo de delação premiada.
"Baixo clero" da Petrobras movimentava maior fluxo de dinheiro, diz MPF
Casos de corrupção envolvendo funcionários de segundo escalão da Petrobras, como Pedro Barusco, apresentavam "maior fluxo de dinheiro", de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Para a procuradoria, corromper um servidor de baixo escalão é "mais fácil" do que os de chefia e também seria igualmente útil para abrir portas dentro de órgãos públicos.
"Às vezes é melhor subornar o porteiro do que comprar o gerente do cinema para entrar e ver o filme", resumiu à Gazeta do Povo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que compõe a força-tarefa que investiga a Lava Jato.
Sete Brasil tinha propina de 1% em cada um dos contratos, afirma depoente
A Sete Brasil, empresa criada para construir e alugar sondas para a exploração do pré-sal, também foi alvo de propinas. A informação consta na delação premiada feita por Pedro Barusco, ex-gerente-executivo da Petrobras e ex-diretor da Sete Brasil, à Justiça. A propina chegou a 1% do valor do contrato firmado com cada um dos estaleiros.
Criada no início de 2011, a Sete Brasil nasceu com o objetivo de construir 29 sondas para explorar o pré-sal. Para isso, contratou diversos estaleiros (alguns ainda no papel). Cada sonda tem um custo estimado em US$ 720 milhões.
Oposição tenta "colar" imagem de Dilma à de Vaccari Neto
A estratégia da oposição para colar a imagem da presidente Dilma Rousseff à do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, será insistir em perguntar se Vaccari tem a confiança de Dilma.
"Durante a campanha, o (então candidato a presidente) senador Aécio Neves questionou se Dilma confiava em Vaccari e ela disse que sim. A pergunta que vamos levantar novamente é: será que a presidente Dilma continua confiando em seu tesoureiro?", adiantou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima.
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O ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho afirmou em depoimento no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que o Partido dos Trabalhadores (PT) recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013 de propina retirada dos 90 maiores contratos da estatal, como o da refinaria Abreu e Lima, em construção em Pernambuco.
O depoimento foi prestado no dia 20 de novembro do ano passado e veio à tona nesta quinta-feira (5), quando a PF deu início à 9ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Operação My Way. Barusco envolveu o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que foi conduzido na manhã desta quinta-feira para prestar depoimento na PF em São Paulo.
O ex-gerente contou à PF como funcionaria o esquema de pagamento de propina na Diretoria de Serviços. Segundo ele, 0,5% do valor ficaria com o PT, representado por Vaccari Neto, e 0,5% seria dividido entre o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, e o próprio Barusco.
Entre fevereiro de 2013 e fevereiro de 2014, de acordo com Barusco, ele teria recebido US$ 5 milhões em propina. No mesmo período, Duque teria recebido US$ 6 milhões e Vaccari, US$ 4,5 milhões.
Segundo Barusco, Vaccari teria participado de um acerto entre funcionários da Petrobras e estaleiros nacionais e internacionais relativos a 21 contratos para a construção de navios com sondas, contratações que envolveram cerca de US$ 22 bilhões.
"Essa combinação envolveu o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, o declarante [Barusco] e os agentes de cada um dos estaleiros, que deveria ser distribuído o porcentual de 1%, posteriormente para 0,9%", diz o documento.
Dinheiro para a campanha
Parte da propina paga à Diretoria de Serviços teria sido usada na campanha de 2010, quando Dilma Rousseff disputou a Presidência pela primeira vez. Ele afirmou que Duque solicitou ao representante da empresa SBM Júlio Faerman a quantia de US$ 300 mil "a título de reforço de campanha durante as eleições de 2010". Segundo Barusco, o pedido teria partido de Vaccari.
A SBM também teria pago propina por uma contrato de plataforma do pré-sal. A empresa tem ligação com um caso emblemático da Petrobras, a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que gerou um rombo bilionário nas contas da estatal brasileira.
Propina na sede da Petrobras
Pedro Barusco afirmou ainda que Renato Duque recebia propina dentro da sede da Petrobras. O ex-gerente afirma que ele recebeu por Duque cerca de US$ 40 milhões entre 2003 e o fim de 2011 em contas no exterior. Barusco relata que também recebia propinas em reais, pagas mensalmente entre 2005 e 2011, em valores que somam entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões. O dinheiro em reais era entregues a Duque dentro da diretoria de Serviços, conforme o delator.
Barusco disse que guardava o dinheiro em uma caixa em sua casa, "que era usado para pagamento de despesas pessoais e para fazer repasses a Renato Duque".
De acordo com o ex-gerente, até presidentes de empreiteiras faziam pagamento de suborno sem usar intermediários. Ele cita o presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Collares, como um dos "agia diretamente como operador no pagamento de propinas". O dono da GDK, César Oliveira, também agia dessa forma, ainda de acordo com Barusco.
Braço direito do ex-diretor de Serviços, Barusco afirmou que recebeu entre 1998 e 2010 US$ 22 milhões em propina pelos contratos entre a Petrobras e a SBM. O delator detalhou as contas por onde esse dinheiro passou, sendo guardado na Suíça.
Renato Duque foi indicado para o cargo pelo ex-ministro, ex-deputado federal e ex-presidente do PT José Dirceu, um dos condenados no processo do mensalão. Dirceu nega a indicação.
Depoimento
Em depoimento ontem, João Vaccari Neto negou que tenha recebido propina para o PT. Vaccari se recusou a abrir o portão de sua casa para os policiais, que tiveram de pular o muro. O depoimento durou cerca de três horas. Em seguida ele foi para Belo Horizonte, onde participa de uma reunião do diretório nacional do PT e do aniversário de 35 anos do partido.
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