Reginaldo da Silva Nascimento, o rapaz quer teria levado a vereadora Ana Maria de Holleben (PT) até o suposto cativeiro (ainda desconhecido), apresentou-se às 17 horas desta terça-feira à Polícia Civil de Ponta Grossa, onde prestou depoimento até por volta das 18 horas.

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Nascimento, que é primo de Idalécio Valverde da Silva e Adauto Valverde da Silva, também envolvidos no caso do suposto sequestro forjado pela vereadora, estava foragido desde o início das investigações.

De acordo com o advogado de Nascimento, Cásar Gasparetto, o suspeito "é uma pessoa desprovida de maldade" e não sabia do suposto sequestro que estaria sendo armado pela vereadora, a qual teria procurado pelo rapaz com a desculpa de que queria espairecer e, por isso, precisava que ele a levasse de Ponta Grossa.

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O percurso

Gasparetto informou que seu cliente se encontrou com Ana Maria – de quem seria muito amigo – próximo a uma revendedora de carros no bairro Parque Alta Estrada, em Ponta Grossa, logo depois da posse dos vereadores, no dia 1 de janeiro. Dali, a pedido dela, eles teriam seguido pela PR-151 sentido Castro, no carro de Nascimento. Em depoimento, segundo do advogado, o rapaz afirmou que a vereadora estava sozinha e parecia estar muito insegura.

Depois de chegarem a Castro, Gasparetto relatou que os dois pernoitaram em um hotel da cidade. Na noite do dia 1, a vereadora teria usado o celular de Nascimento, que estava com o chip do primo dele, Adauto Valverde da Silva, para fazer uma ligação para o seu filho. Mesmo durante a ligação, Nascimento não teria ouvido falar em sequestro.

No dia seguinte, a pedido da vereadora, o rapaz a teria deixado na cidade de Ventania, de onde não a viu mais. Antes de Nascimento tê-la deixado no local, no entanto, Ana Maria teria avisado a ele de que um problema muito grande estaria e surgindo e que ela não queria que ele se envolvesse no caso, motivo pelo qual Nascimento teria ficado desaparecido nos últimos dias. Conforme o advogado, o rapaz retornou para Ponta Grossa ontem. Depois de prestar depoimento à polícia, o rapaz foi encaminhado ao Minipresídio Hildebrando de Souza, onde vai permanecer em prisão temporária pelos próximos cinco dias.

De acordo com o delegado da 13ª subdivisão policial Josimar Antônio da Silva, que ouviu o depoimento, o relato de Reginaldo teve sintonia com os depoimentos dos outros suspeitos envolvidos no caso, mas, mesmo assim, há pontos de contradição, e é nisso que a investigação vai focar.

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Prisões

Na última segunda-feira (7), três envolvidos no caso da vereadora de Ponta Grossa foram soltos pela Polícia Civil. Idalécio Valverde da Silva (motorista de Ana Maria), sua esposa Susicléia Valverde da Silva e seu irmão Adauto Valverde da Silva estavam presos, desde a última quarta-feira (2) no Minipresídio Hildebrando de Souza e foram liberados porque acabaram os prazos de suas prisões temporárias.

A vereadora Ana Maria foi a única envolvida que teve a prisão temporária convertida em preventiva (sem prazo definido), o que a obriga a permanecer presa numa cela especial do Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa, no bairro Nova Rússia, onde ela está desde a última sexta-feira (4).

Na tarde de segunda-feira, Fernando Madureira, um dos advogados que está cuidando do caso da vereadora afirmou à Gazeta do Povo que apresentou na 2ª Vara Criminal de Ponta Grossa um requerimento para que a Justiça reconsidere a decisão que mantém Ana Maria em prisão preventiva no quartel do Corpo de Bombeiros do município.

Caso ao pedido seja negado, os advogados pretendem solicitar Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR).

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Afastamento e CPI

De acordo com o deputado estadual Péricles de Mello, primo dela e também presidente do diretório municipal do PT de Ponta Grossa, Ana Maria deveria ter assinado até esta terça-feira o pedido de afastamento da Câmara Municipal, o que não havia sido feito até às 17 horas de hoje. Segundo informações repassadas pela família dela, o pedido deve ser entregue nesta quarta-feira.

A vereadora também solicitou, na última sexta-feira, um pedido de afastamento do diretório do partido, que deve ser analisado nesta quarta-feira durante uma reunião da Comissão de Ética do diretório de PT de Ponta Grossa. A reunião também vai marcar o início da investigação do caso de Ana Maria por parte do diretório.

Além disso, de acordo com vereadores de Ponta Grossa, já há 17 assinaturas colhidas para criar a CPI que pretende investigar a atuação de todos os envolvidos no caso do suposto sequestro forjado e, especificamente, se houve quebra de decoro parlamentar por parte da vereadora. Oito assinaturas – dos 23 vereadores da Casa – já seriam suficientes para criar a Comissão.

Como a Casa está em recesso, é preciso aguardar o retorno dos trabalhos para colocar a CPI em funcionamento. A partir da data do protocolo, que deve acontecer na primeira semana de fevereiro, a Comissão terá 90 dias para investigar o caso.

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Relembre o caso

A vereadora ficou desaparecida durante 24 horas, quando seu assessor Idalécio Valverde contou à polícia que ela havia sido raptada por quatro pessoas. Na manhã da quinta-feira (3), porém, Idalécio, mais o irmão Adalto Valverde da Silva e a esposa Suzicleia foram presos e, segundo policiais, contaram a farsa.