Análise feita por engenheiros que conhecem de perto os jatos da Embraer, à qual o G1 teve acesso, mostra que a principal hipótese para a colisão do Legacy com o Boeing da Gol é de choque frontal. E mais: é alta a chance de que o Boeing 737-800 tenha se despedaçado no ar, o que explicaria o fato de os destroços estarem espalhados por dezenas de quilômetros.
Ouvido pelo G1, um dos engenheiros que elaborou os cálculos --e que pediu para não ser identificado-- explicou: "Fizemos o desenho em escala dos dois aviões e tentamos achar o lugar em que o 'winglet' e o estabilizador do Legacy bateram no Boeing".
Essa reconstituição concluiu que o Legacy, fabricado pela Embraer, voava um pouco abaixo do avião da Gol, quando seu "winglet" (aquela "pontinha" da asa, dobrada para cima), do lado esquerdo, bateu na asa esquerda do avião da Gol. O choque aconteceu no espaço que ficava entre a ponta da asa do Boeing e sua turbina (e não na barriga do avião, como inicialmente se afirmou).
Não foi só isso. A asa do Boeing também tem um "winglet". E foi esse "winglet" que bateu no estabilizador do Legacy.
Isso explica por que o Legacy, que acabou conseguindo fazer um pouso de emergência, apresenta dois pontos de avaria: no "winglet" da asa esquerda e no estabilizador, também do lado esquerdo. Para ter 100% de certeza sobre o que veio em seguida, seria preciso ter acesso às caixas-pretas. Mas, segundo o engenheiro, a chance é muito alta de que tenha acontecido a seguinte sequência de eventos:
--atingida pelo "winglet" do Legacy, a ponta da asa do Boeing se partiu;
--esse pedaço que se soltou da asa bateu no estabilizador do próprio Boeing;
--sem uma parte da asa e com o estabilizador destruído, o piloto da Gol perdeu o controle do avião, que despencou "embicado".
Nessa situação, o avião passou a sofrer a ação de forças superintensas, fora do padrão para o qual o Boeing foi projetado. "A cabine foi encontrada em local separado do avião, o que quer dizer que cisalhou [quebrou] antes [de chegar ao chão]. E os motores do Boeing foram encontrados fora da asa. Tudo isso reforça a hipótese da destruição em vôo", comentou o engenheiro.
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