O líder da oposição na Câmara, Júlio Redecker (PSDB-RS), subiu irritado à tribuna do plenário nesta quinta-feira, para criticar as declarações do ministro da Justiça, Tarso Genro . Mais cedo, o ministro afirmou que não se surpreenderia se houvesse deputados com a máfia dos caça-níqueis investigada pela Operação Hurricane da Polícia Federal .
- Senhor ministro, por favor, passe ao conhecimento da população qualquer elo entre deputados e a máfia do jogo. Eu também não me surpreenderia se fosse verdade, mas venha aqui e denuncie e apresente os nomes, para não jogar sobre todos os parlamentares suspeitas como essas - disse Redecker.
O tucano afirmou que os comentários de Tarso são mais uma tentativa do governo de desgastar a imagem do Congresso e aproveitou o discurso para relembrar o escândalo do mensalão:
- Ele que diga os nomes. Quem tem prática com isso é o governo, que estabeleceu o elo de benesses em troca de votos no mensalão - disse o líder, que pediu que a PF investigue a máfia do jogo também em São Paulo, onde as investigações, segundo ele, poderiam chegar até o marqueteiro da campanha de Lula em 2002, Duda Mendonça.
Mais cedo, o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), cobrou que o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), peça acesso ao sigilo do inquérito da Operação Hurricane, da Polícia Federal. Segundo Miro, trata-se do repasse de informações à Câmara como instituição. Miro mostrou-se preocupado com informações sobre o envolvimento de parlamentares no esquema desbaratado na operação. Para ele, se a Justiça estiver impedida de enviar cópia integral das investigações, o parlamentar pede que pelo menos remeta o que disser a respeito de parlamentares.
Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal 'O Globo' informa que o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, afirmara num de seus despachos, no inquérito que deu origem à operação, que a organização de bicheiros presos pela PF tentava estender a rede de influência do grupo até o Congresso . O procurador fez a denúncia com base num longo relatório do serviço de inteligência da PF sobre uma suposta rede de corrupção montada pelos bicheiros no Judiciário e nas polícias Civil e Federal, no Rio de Janeiro.
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