Se os fanfarrões da Câmara Municipal de Curitiba acham que vão continuar ignorando a opinião pública, engavetando denúncias e, ainda assim, permanecerem no poder, suas malemolências estão com os dias contados. O projeto Adote um Vereador foi encampado pelo Instituto Atuação Paraná (IAPR) – um grupo de jovens apartidários (ver matéria na página 14) – que assumiu a tarefa olimpiana de realizar o controle dos mandatos políticos dos vereadores de Curitiba. O anúncio do projeto ocorreu no auditório do Museu Oscar Niemeyer, no fechamento da I Semana da República, evento realizado pelo próprio IAPR, que reuniu pensadores, cidadãos interessados e ativistas.

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Entretanto, como nada se constrói sozinho, o êxito do projeto vai depender da colaboração dos cidadãos interessados desta cidade, de estratégias condizentes aos novos tempos e de clareza a respeito de como funciona a real política brasileira.

O IAPR conta com o assessoramento do Adote um Distrital, de Brasília, que possui uma metodologia própria para a fiscalização da atividade parlamentar. O instituto vai funcionar como um indutor de adoção de políticos e precisará de corpo de voluntários para fiscalizar os 38 vereadores da capital. Informações sobre a entidade podem ser encontradas no site www.atuapr.com.br. Como neste momento novas formas de participação popular estão emergindo, vale a pena refletir sobre onze pontos, que podem facilitar o sucesso do projeto de adoção.

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1. Sem a fiscalização de políticos, Curitiba, o Paraná e o Brasil continuarão a conviver com episódios de uso indevido de dinheiro público. É por isso que projetos de adoção precisam ser inclusivos e abertos à participação de quaisquer interessados.

2. Funcionamento da cabeça dos políticos. Eles pensam em votos. Portanto, é preciso jogar o jogo deles. E transformá-los em nossos servidores, o que, no fim das contas, é o que eles devem ser.

3. As redes sociais são aliadas. Permitem o debate amplo. Facilitam a mobilização. Permitem exercer pressão contra os maus comportamentos.

4. Os dados públicos sobre vereadores que estão no site da Câmara, do Tribunal Regional Eleitoral e de outras fontes precisam ser transformados em informação relevante e de fácil visualização. Para isso, são bem-vindos os desenvolvedores de aplicativos para internet. Vale perguntar onde estão os hackers de Curitiba? Eles são essenciais.

5. A multidão de cidadãos tem na diversidade sua virtude. De talentos, de pontos de vista e de aspirações. Por isso, é um excelente veículo difusor de ideias e comportamentos para toda a sociedade.

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6. Dirigir pelo asfalto aliena, conviver nas calçadas ilumina. É nelas que a vida acontece. É lá que são descobertos os problemas sociais. É também nelas que se atua no mundo real, demonstrando publicamente a indignação contra abusos de autoridades.

7. Nada de ira. Fiscalizar políticos tem de ser divertido.

8. Não é preciso se desgastar com horas de trabalho árduo. Às vezes, enviar um simples e-mail funciona como uma pedrada de Davi contra Golias. Pequenas ações geram revoluções.

9. A vigilância tem de ser constante. Do contrário, não haverá mudança.

10. Caso tudo permaneça como está, não se frustre. Mudança cultural leva tempo. Lembre-se, a experiência transforma. O simples fato de alguém exercer, ainda que ligeiramente, a cidadania, causa um impacto interior duradouro. Portanto, tenha certeza: o principal beneficiário de adotar um vereador é o "pai da criança".

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11. Se você só está falando, se você só está marchando, se você só está idealizando, reveja seus conceitos. O mérito está em fazer acontecer.

Depois de cinco meses que lancei a campanha silenciosa do Adote um Político, é gratificante ver que a sugestão frutificou em algum lugar. O anúncio da implementação do Adote um Vereador em solo curitibano, o que deve ocorrer nos próximos meses, é uma boa notícia neste momento de apatia social frente aos desmandos na Câmara. Iniciativas como a do IAPR não precisam de elogios. Mas, merecem adesão.

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