O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou nesta terça-feira (9) a abertura de uma sindicância para apurar a denúncia de que um assessor do gabinete dele, Francisco Escórcio, tentou espionar os senadores de oposição Marconi Perillo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO). Renan negou ter sido o mandante da suposta espionagem. "Não pedi, não autorizei, nenhuma atrocidade como essa", disse Renan.
Ele também determinou o afastamento temporário do assessor. "Sou completamente favorável a uma investigação em qualquer âmbito desses dois casos, que foram mentirosamente veiculados pela imprensa. Determino à Casa uma sindicância e o afastamento do servidor", disse.
Renan negou que vá recuar da atual posição de presidir o Senado durante os processos de cassação. "Não tenho o direto de recuar. Eu tenho um mandato a cumprir. Eu vou até o limite das minhas forças para me defender, para dizer que sou homem digno. Não desonrei esse mandato. Não desonrei essa presidência. Não quebrei decoro algum, eu repito. É um direito suspeitar, mas não podem duvidar do que eu faço. Estou aqui para enfrentar esse problema até o fim, custe o que custar", garantiu.
Ele foi aparteado pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Marconi Perillo. Perillo, um dos supostos espionados, disse que o afastamento temporário do servidor não é suficiente. "Tenho convicção absoluta de que houve a reunião [em Goiânia]. E nessa reunião foi tratado do assunto arapongagem contra a minha pessoa. A dúvida que temos, a pergunta que faço. Requerer apenas o desligamento temporário do servidor ou adotado a demissão sumária de Francisco Escórcio de sua asssessoria? Quero quer que o senhor possa reformular essa decisão e que imediatamente exonerasse do gabinete de vossa excelência esse servidor", argumentou.
Nova representação
Além da representação apresentada pelo PSDB e pelo Democratas por conta da denúncia do suposto caso de espionagem, Renan Calheiros já responde por outras três acusações.
No primeiro processo, ele é acusado de tráfico de influência para que a cervejaria Schincariol tivesse o "perdão" de uma dívida de R$ 100 milhões com o INSS.
Na segunda representação, impetrada pelo Democratas e pelo PSDB, Renan é acusado de ter utilizado laranjas para adquirir empresas de comunicação em Alagoas. Em outra denúncia, de autoria do PSOL, o presidente do Senado é suspeito de ter participado de um esquema de arrecadação de recursos em ministérios liderados por seu partido, o PMDB.
O presidente do Senado já foi absolvido de outra acusação, de que teria recebido ajuda de um lobista para pagar despesas com a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. Apesar de ter sido aprovado pelo Conselho de Ética o relatório que pedia a cassação de seu mandato, Renan foi absolvido pelo plenário do Senado.
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