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O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), fez nesta quinta, em plenário, a leitura da representação em que seu partido acusa o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), de quebra do decoro parlamentar. Entre outras acusações constantes do requerimento, protocolado no Conselho de Ética, Renan citou pagamento indevido a servidor do Senado, utilização indevida do serviço médico da Casa, recebimento de dinheiro emprestado por autoridade pública; ocultação da Receita de doação do imóvel em que mora; recebimento de dinheiro do Senado para "tratamento de saúde para pessoa da família que não é dependente"; e nomeação de um 'personal trainer' de Manaus pago pelo Senado.

Renan afirmou que estava "constrangido" ao fazer a leitura da representação, mas disse que estava "cumprindo um dever" como líder.

O líder do PMDB referiu-se ao discurso que Virgílio fez no dia 29, reconhecendo o erro de ter mantido em seu gabinete, por 13 meses, um servidor que estava fazendo um curso de teatro na Espanha sem deixar de receber os salários e as gratificações pagas pelo Senado. "O representado usou a tribuna do Senado para confessar, sem meias palavras, a prática de atos que configuram a quebra de decoro, suscitando abertura de ato disciplinar. O discurso deveria funcionar como espécie de antecipação de defesa para desvios de conduta do representado", observou Renan.

Renan leu também trecho em que o documento afirma que Virgílio "utilizou e superou em muito os limites do plano de saúde parlamentar para atender pessoa de sua família", em uma referência a tratamento de saúde a que foi submetida a mãe do líder do PSDB, recentemente falecida. Esse tratamento foi, na realidade, de acordo com Virgílio, financiado pelo plano de saúde do pai dele, ex-senador Arthur Virgílio.

O texto lido por Renan acusa Virgílio de ter elevado "às culminâncias do absurdo o tráfico de influência e o patrimonialismo". Os senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) fizeram aparte pedindo que o episódio referente ao tratamento médico da mãe do senador Virgílio, por ser "uma grosseria", fosse retirado do texto. O líder do PMDB concordou. O texto lido por Renan atribuiu ainda a Virgílio a nomeação de quatro parentes no serviço público e o acusa de "escabrosa utilização de dinheiro público" em benefício próprio. Durante todo o pronunciamento de Renan, Virgílio fazia anotações.

O líder do PMDB admitiu, durante a leitura do requerimento, que a apresentação de ação contra Virgílio é uma resposta às ações que o PSDB registrou contra José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado. "O PMDB mantém a expectativa de que essas questões sejam dirimidas de forma despolitizada, desapaixonada, no âmbito próprio que é o Conselho de Ética. A partidarização da crise em nada contribui para solucioná-la. Ao contrário, apenas tumultua, aumenta a temperatura e as tensões. Infelizmente, posturas partidarizadas impõem posturas similares de comportamento", afirmou.

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