Desde que a reeleição passou a ser possível no país para cargos no Executivo, em 1998, todos os governadores do Paraná obtiveram nas urnas um segundo mandato consecutivo. Além disso, a tradição do eleitorado local é escolher um nome do campo político de oposição àquele que deixa o Palácio Iguaçu depois de oito anos.
Por esse histórico, o grupo liderado por Beto Richa (PSDB), que não tem como disputar a reeleição, tende a deixar o poder em 2018. Levantamento realizado pelo Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo corrobora essa tese. O preferido dos paranaenses para assumir o Executivo estadual daqui a dois anos é o ex-senador Osmar Dias (PDT). Aliados do governador, porém, trabalham para reverter essa lógica. Apesar de três membros da base aliada já terem se apresentado como pré-candidatos, governistas apostam justamente em Osmar como nome do Palácio Iguaçu.
Sina
Primeiro governador beneficiado pela possibilidade de se reeleger, Jaime Lerner permaneceu no cargo de 1995 até 2002. Como sucessor, escolheu Richa, que sequer foi para o segundo turno naquela eleição. De quebra, o eleito foi Roberto Requião, maior adversário de Lerner. O peemedebista comandou o Executivo estadual de 2003 a 2010, quando apostou numa aliança com Osmar Dias para sucedê-lo. A vitória, entretanto, ficou com Richa.
Agora, o tucano, que também venceu em 2014, tentará lutar contra a sina de governadores reeleitos não fazerem o sucessor. Por enquanto, já há três pré-candidaturas postas entre aliados dele: da vice-governadora Cida Borghetti (PP); do chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB); e do secretário do Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSD).
Mesmo com essa profusão de nomes, pessoas próximas a Richa trabalham com uma quarta via. Apesar de ter sido o principal oponente do tucano no pleito de 2010 e de ter ocupado um cargo federal na gestão do PT nos últimos cinco anos e meio, Osmar Dias é o preferido de diversos palacianos para 2018.
A indefinição em torno do pleito que definirá o próximo governador é tão grande que não está descartado nem mesmo que Richa conclua o mandato até o fim e abra mão de disputar uma das duas cadeiras no Senado pelo Paraná que estarão em disputa. Para poder se candidatar, ele seria obrigado a renunciar ao atual mandato no final de março de 2018, deixando o governo nas mãos de Cida Borghetti.
Diversos palacianos, porém, veem a família Barros – liderada pelo marido de Cida e ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP) – como inimiga. Se esse cenário se concretizar, a aposta é que o grupo político maringaense se alie a Requião em oposição a Richa e a quem ele escolher para sucedê-lo.