Os nomes do governador Beto Richa (PSDB) e da senadora Gleisi Hoffmann (PT) aparecem nas tabelas de repasses da Odebrecht, apreendidas na 23ª fase da operação Lava Jato, denominada de Acarajé. As planilhas foram encontradas em endereços ligados a Benedicto Barbosa da Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, e citam cerca de 200 políticos de diversos partidos.
A referência ao governador do Paraná aparece em um pagamento para as eleições de 2010. No campo “nome do candidato” consta PSDB – Diretório Estadual do PR. Como beneficiário está o nome de Beto Richa. Há dois campos financeiros: “valor” (R$ 200 mil) e “pagamento” (R$ 160 mil) . Há a indicação de uma data de pagamento, 24 de setembro de 2010.
Na prestação de contas do diretório estadual do PSDB entregue à Justiça Eleitoral, constam três doações nesta mesma data: R$ 160 mil pela empresa Leyroz de Caxias Indústria Comercial & Logística Ltda., R$ 40 mil pela empresa Praiamar Indústria Comércio & Distribuição Ltda. e R$ 120 mil pela Metropolitana Vigilância Comercial e Industrial S/A.
Não é possível estabelecer relação entre a planilha da Odebrecht e as doações registradas na prestação de contas do PSDB do Paraná.
Já a senadora petista aparece em outra planilha apreendida pela operação Lava Jato em endereços do executivo da Odebrecht. No documento, constam repasses para campanhas municipais, mas não há registro do ano em que os pagamentos teriam sido feitos. Gleisi foi candidata à prefeitura de Curitiba em 2008 e ao governo do estado em 2014. Desde 2010, ela ocupa uma cadeira no Senado.
O nome da senadora aparece acompanhado do seu marido, o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo. No campo da tabela “valor total” consta R$ 1.500. Como todos os outros valores da tabela são baixos, é possível presumir que essa importância deve ser multiplicada por mil, chegando a R$ 1,5 milhão em repasses.
As planilhas, anexadas pela Polícia Federal (PF), foram mantidas no ar no sistema eletrônico de processos da Justiça Federal do Paraná durante algumas horas entre essa terça e quarta-feira. Não é possível dizer se a Odebrecht possui ligação com os repasses mencionados nas planilhas nem que eles sejam ilegais.
Na tarde desta quarta-feira (23), o juiz Sergio Moro decretou o sigilo sobre o material e determinou que o Ministério Público Federal (MPF) se manifeste sobre a remessa das planilhas ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que são citados diversos políticos com prerrogativa de foro.
Apesar do reestabelecimento do sigilo, diversos veículos de imprensa já haviam divulgado seu conteúdo.
Contas de campanha
Em uma consulta à prestação de contas de Beto Richa e Gleisi Hoffmann no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não constam registros oficiais de doações de campanha da Odebrecht para ambos os políticos.
A consulta sobre o governador foi feita sobre a campanha de 2010. Já as contas eleitorais da senadora foram pesquisadas desde 2008. Paulo Bernardo, que foi deputado federal, também não recebeu oficialmente da empresa, conforme prestação de contas de campanha de 2002.
Outro lado
Procurada, a assessoria do PSDB do Paraná informou que o diretório do partido e a campanha de Beto Richa ao governo em 2010 não receberam doações da Odebrecht. A legenda afirma que há doações eleitorais registradas no dia 24 de setembro de 2010, efetuadas pelas empresas citadas, conforme prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral.
A assessoria da senadora Gleisi Hoffmann afirmou por meio de nota que os recursos devem ser referentes a doações da Odebrecht para as campanhas eleitorais municipais de 2012, repassadas via Diretório Nacional do PT ao Diretório Estadual e aos Diretórios Municipais.
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