Na véspera da primeira votação da proposta que suspende o reajuste salarial do funcionalismo público, o governador Beto Richa (PSDB) vai oferecer um jantar aos deputados estaduais da base aliada. Segundo os próprios parlamentares, o objetivo é afinar o discurso para esta terça-feira (22), quando a Assembleia Legislativa deverá receber centenas de servidores de todo o estado. Alguns deles não escondem a preocupação em relação à segurança na Casa, diante do episódio do dia 29 de abril.
Conforme a Lei 18.493/2015, o funcionalismo teria direito a receber, em janeiro, a reposição da inflação de 2016 acrescida de 1%. O governo Beto Richa (PSDB), porém, alega que não tem caixa suficiente para honrar o compromisso – ao custo de R$ 2,1 bilhões – e, ao mesmo tempo, pagar promoções e progressões atrasadas – no valor de 1,4 bilhão. Por isso, a Comissão de Orçamento da Assembleia aprovou, nesta segunda-feira (21), uma emenda do Executivo à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 que suspende o reajuste até que a situação financeira do estado permita a realização do pagamento.
Como o texto irá a plenário nesta terça, Richa convocou os 33 deputados fieis a ele – os mesmos que aprovaram a polêmica reforma da Paranaprevidência no ano passado – para uma reunião seguida de jantar no Chapéu Pensador, sede da Copel no Bigorrilho, em Curitiba. Apesar de haver consenso de que não há riscos de perder a votação, os parlamentares mais influentes ressaltam que é importante afinar os últimos detalhes para a votação, que promete ser tensa.
Chefe da Casa Civil, o secretário Valdir Rossoni (PSDB) minimizou o encontro e afirmou que essas reuniões ocorrem regularmente a cada duas semanas. “Esse é apenas mais um encontro. Isso tem nos ajudado muito a manter uma afinação boa com os deputados”, declarou. “Será uma votação tranquila. A pressão [dos servidores] é normal. Mas todos estão cientes de que estamos num ajuste permanente da máquina. A crise segue se aprofundando e precisamos nos preparar para o ano que vem.”
Segurança
De olho no grande número de servidores que deve acompanhar a votação das galerias e também em frente ao prédio da Assembleia, o comando da Casa pediu à Polícia Militar que reforce o policiamento nesta terça – o efetivo solicitado não foi informado. De acordo com o presidente do Legislativo estadual, Ademar Traiano (PSDB), toda cautela será tomada para evitar a repetição das cenas da Batalha do Centro Cívico, no ano passado.
“É claro que não vamos permitir desordem. Tenho que preservar e manter toda a Casa e, principalmente, a integridade dos senhores deputados. Acredito que não teremos confronto algum. Agora, se houver exageros, aí nós vamos sim tentar conter”, afirmou o tucano. “Mas vou tomar algumas medidas de cautela, até para evitar o que ocorreu no passado. Passamos a toda a equipe de segurança. Não permitiremos armas, nem os cassetetes da polícia.”
Segundo ele, apenas metade dos cerca de 500 lugares das galerias serão liberados e haverá revista dos servidores que forem acompanhar a votação.