Parlamentares da bancada ruralista têm defendido o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e criticado a condução da Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira (17) pela Polícia Federal para investigar esquema de corrupção envolvendo frigoríficos e fiscais do Ministério da Agricultura.
A operação flagrou ligação do ministro para o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, apontado como um dos líderes da ação criminosa. Na conversa, Serraglio, então deputado federal, perguntou a Daniel sobre o possível fechamento de um frigorífico no interior do Paraná, base eleitoral do ministro. Serraglio negou qualquer irregularidade na ligação feita para o fiscal.
“Não vejo nada de errado nessa gravação. Nenhuma vírgula de errado. As pessoas conversam com pessoas. Isso é normal”, afirmou o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), membro da bancada ruralista. “Qualquer político, qualquer pessoa defende o setor produtivo.”
Serraglio recebeu verba eleitoral de empresas investigadas pela Carne Fraca
Próximo de Serraglio, Souza teve um ex-chefe da gabinete citado nas investigações. Ronaldo Troncha, que trabalhou com o deputado entre abril de 2015 e outubro de 2016, teria proximidade com Gonçalves Filho, de quem teria recebido duas transferências de R$ 10 mil entre 2009 e 2011. Souza será indicado nesta semana pelo PMDB para assumir a Comissão de Agricultura da Câmara. Para ele, o fato de um ex-assessor dele ter sido citado na operação não impede sua indicação. “O que tem a ver uma coisa com a outra?”, questionou.
Integrante da bancada ruralista, a deputada Tereza Cristina (MS) também disse não ver nenhuma irregularidade na ligação do ministro. “Vi uma certa irresponsabilidade não nas punições, mas na maneira como foi feita a operação”, criticou a parlamentar, que é líder do PSB na Câmara. “Acho que foi uma maneira desastrada ou ‘imprensada’ de quem pensou essa operação”, disse a deputada, que foi secretária de Agricultura do Mato Grosso do Sul.
Deputado licenciado pelo PMDB, Serraglio também conta com apoio de seus correligionários. A avaliação de deputados peemedebistas nos bastidores é de que não há motivos para afastar o ministro. “O clima agora não está para caça às bruxas, porque a próxima bruxa pode ser qualquer um”, afirmou um parlamentar.