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Se houve uma frase marcante na campanha que levou Beto Richa (PSDB) ao governo do estado pela primeira vez, em 2010, foi a da promessa de que não era preciso tanto dinheiro para fazer uma boa gestão. "Fazer mais com menos" era o lema da campanha. Difícil saber se foi isso que atraiu a população, mas certamente a ideia tem sua graça, ainda mais num país com alta carga tributária e serviços que frequentemente ficam abaixo do aceitável.

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Quase cinco anos depois, Richa foi reeleito, o que faz crer que a população, no mínimo, achou que ele era melhor do que a concorrência. Sendo menos cínico, dá para dizer que o governador acertou em algo. Mas nem por isso pode-se afirmar que ele tenha cumprido com sua promessa. Fez mais? Nem tanto. Com menos? Nem pensar.

Seria possível contar a história desses quatro anos e meio de governo como uma série de tentativas de engordar o caixa. Começando pelas estatais: Copel e Sanepar distribuíam o mínimo legal de lucros aos acionistas. Os índices chegaram na atual gestão a 50%. Como o governo é acionista majoritário, recebe uma boa grana das empresas por essa mera canetada.

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Depois veio o aumento das taxas do Detran, em 2012, o popular tarifaço. Veio a luta para conseguir empréstimos: mas como o governo gastava demais com folha e muito pouco com saúde, teve dificuldade na liberação dos recursos. Ao fim e ao cabo, liberou apenas R$ 818 milhões, que aparentemente não fizeram nem cócegas no caixa do estado. Richa reclama de retaliação política em Brasília (que pode afinal ter mesmo acontecido), pois queria mais recursos.

Seguiu-se o projeto de criar a conta única do estado para receber nela recursos de outros poderes. E ainda a tentativa de adiantar o dinheiro de depósitos judiciais tributários e não tributários para reforçar o caixa. Autorizado a ficar apenas com o adiantamento menos vantajoso, dos depósitos tributários, o governo ainda acabou pondo a mão indevidamente (no que aparentemente foi simples erro não intencional) nas contas de quem não tinha nada a ver com a história.

Chegou o ano passado e, conforme provou o repórter André Gonçalves, o estado tinha obtido o maior aumento de receita corrente líquida do país. Mesmo assim, a secretária da Fazenda da época, Jozélia Nogueira, anunciou que a dívida com fornecedores batia em R$ 1,1 bilhão. Um recorde que pode estar sendo quebrado neste início de ano, embora o governo não confirme os novos números.

Na eleição, Richa garantiu que havia saneado as finanças do estado. Mas, passado o processo eleitoral, mandou aumentar o IPVA em 40% e mexeu no ICMS. Mandou cobrar os inativos. E, agora, no início do ano, quando todo mundo achou que o pacotão tinha acabado, enviou os novos projetos para a Assembleia. No de corte de benefícios houve recuo. Mas no que permite ao governo ter acesso a fundos específicos e aos R$ 8 bilhões da Paranaprevidência, não.

É evidente que governar não é fácil e que a economia neste momento não favorece. Mas o papel do governante também é o de impedir que o Estado seja um saco sem fundo onde cada vez entra mais dinheiro – e de onde se veem sair cada vez menos benefícios. Até porque o estilo gerencial prometido pelo governador (o antipetismo dele) prometia exatamente o contrário.

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