Delcídio: PMDB foi “sócio majoritário” do PT na distribuição da propina de Belo Monte.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Um dos delatores da Operação Lava Jato, o senador cassado Delcídio Amaral disse em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a obra da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, rendeu R$ 142 milhões em propina para o PT e o PMDB. Parte do dinheiro desviado, definido por ele como “salada de frutas”, teria abastecido a campanha de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) em 2014.

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“É um mix. Parte via doações oficiais, parte para os candidatos. Eu não elimino a hipótese de caixa dois também. É bem possível que tenha acontecido. É uma espécie assim de salada de frutas, né? Ou seja, tem participação, tem pra todos os gostos. Tem doação oficial, tem caixa dois, são várias alternativas. Não acredito que os R$ 142 milhões tenham ido especificamente só pra uma campanha. Não, isso aí foi distribuído”, disse Delcídio.

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O senador cassado deu depoimento ao TSE no âmbito do processo que apura eventuais irregularidades cometidas pela campanha que reelegeu Dilma Rousseff à Presidência da República em 2014 – a ação pode resultar na cassação de Temer. Em outubro, Delcídio havia reiterado ao TSE que a campanha de Dilma recebeu dinheiro desviado de Belo Monte - a íntegra do depoimento foi disponibilizada na terça-feira (22) pelo tribunal.

PMDB foi sócio majoritário

Para o ex-líder do governo Dilma no Senado, o PMDB foi uma espécie de “sócio majoritário” do PT na propina de Belo Monte. Indagado sobre quanto foi pago para quem, Delcídio disse não saber os valores atribuídos a cada um.

“R$ 142 milhões, aproximadamente e dentro de um grande acordo que foi feito com o PT e o PMDB, e, nesse caso específico, com o PMDB, que eu acredito que foi o mais bem aquinhoado partido, pelo menos no caso Belo Monte – não estou dizendo que o PT não tenha sido, mas acho que o PMDB foi talvez o grande condutor aí do processo. Agora, volto a repetir, eu não fui tesoureiro de campanha e eu não sei os valores atribuídos a cada um”, comentou o senador cassado.

Ela sabia. Ele, talvez

Sobre a destinação de dinheiro de propina a campanhas eleitorais, Delcídio disse que “candidato majoritário sabe de onde é que vêm as coisas”. “A candidata majoritária, com certeza, saberia. O vice-presidente, à época, talvez. Talvez não soubesse o todo. Até porque eu convivi muito com os dois, e havia uma certa idiossincrasia entre os dois, né?”, disse Delcídio.

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Delcídio afirmou que Temer foi um vice “quase que decorativo”, que passou por “situações de absoluto constrangimento”. “E ele é um homem educado, né? Eu vi o sofrimento dele”, afirmou o senador cassado.