Se dependesse apenas da bancada paranaense na Câmara dos Deputados, o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) seria aprovado na Casa. A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com os 30 parlamentares que formam a bancada paranaense e 20 deles disseram que vão votar a favor da cassação da presidente Dilma. Veja a posição de cada um dos deputados do Paraná.
Para que o impeachment passe na Câmara, são necessários dois terços dos votos dos parlamentares – no caso do Paraná, exatamente os 20 que se posicionaram a favor da cassação.
Nem mesmo os deputados da base aliada da presidente – formada pelo PP, PR e PSD – afirmaram que votarão contra o impeachment. “Não há condição mais do governo continuar porque não há governabilidade”, disse a deputada Christiane Yared (PR).
“Esse problema está levando o país para o fim do mundo. Está insustentável, muita corrupção, muitos desmandos, não tem mais sustentação no Congresso Nacional, não consegue aprovar absolutamente nenhuma proposta de recuperação do governo”, disse Dilceu Sperafico (PP).
“Sou a favor do impeachment não apenas por conta das pedaladas fiscais, mas porque há fortes indícios, em vários pontos do processo, de que a presidente teria cometido crime de responsabilidade”, diz Evando Roman (PSD).
“A gente precisa virar essa página da corrupção e ver se o Brasil respira um ar um pouquinho diferente. É uma questão de perspectiva”, opina Osmar Serraglio (PMDB).
Oposição
Nos partidos de oposição, o voto favorável ao impeachement é quase uma unanimidade. Para o deputado Alfredo Kaefer (PSDB), o governo chegou a um ponto insustentável. “O processo, apesar de ter um fundamento jurídico, no fundo é um julgamento político. Isso se deve ao governo ter perdido a credibilidade e a governabilidade, por uma séries de erros cometidos nos 4 anos anteriores, que acabaram eclodindo nesse primeiro ano de mandato”, disse.
Para o deputado Marcelo Belinatti (PSDB), Dilma perdeu a condição de governar o país. “É claro que as pedaladas são um motivo que justifica um crime de responsabilidade da presidente, mas não podemos esquecer que as pedaladas não são uma coisa que a presidente Dilma inventou. O fato é que pela conjuntura nacional se utilizou isso como mecanismo, como um embasamento para justificar o processo de impeachment, o que é uma coisa errada, mas o julgamento é político”, completou.
Aliados da presidente
Apenas quatro deputados do Paraná disseram ser contrários ao impeachment. Dois deles são petistas: Ênio Verri e Zeca Dirceu. Nelson Meurer (PP) e Toninho Wandscheer (Pros) afirmaram que também votarão contra a cassação.
“Não tem legalidade nenhuma nesse processo. Não há nenhum motivo técnico, não há nenhum crime denunciado, nenhum fato investigado da presidente da República que justifique uma comissão de impeachment. Na verdade é uma questão de respeitar a democracia e a Constituição”, disse o deputado Ênio Verri (PT). “Ele [o impeachment] é ilegal. A constituição é muito clara quando diz que tem que haver um crime de responsabilidade e não existe esse crime”, opina Zeca Dirceu (PT).
Mesmo contra o impeachment, Toninho Wandscheer (Pros) e Nelson Meurer (PP) dizem que ainda podem mudar de opinião até o dia da votação. “Até a hora do voto a gente não sabe o que vai acontecer. Sempre afirmei que se aparecer uma acusação contra a presidente que mereça o impeachment posso mudar meu voto, por enquanto não”, garante Wandscheer. “Se a votação fosse hoje, seria contra o impeachment. Como ainda tem 60 dias ou mais para resolver o problema, preciso ver se mudo de posição”, diz Meurer.
Em cima do muro
Pelo menos cinco deputados ouvidos pela reportagem ainda não definiram como vão votar em relação ao impeachment da presidente. Os deputados Aliel Machado (Rede), Assis do Couto (PDT) e Ricardo Barros (PP) disseram estar indecisos.
“Eu estou analisando o processo. Quando vier para a Casa eu terei uma opinião. Se ele [o processo] se justifica técnica e legalmente eu voto a favor, se não se justifica eu voto contra. Não tenho uma posição formada ainda porque não vi o relatório da comissão especial”, disse Assis do Couto (PDT).
Os deputados do PMDB João Arruda e Sérgio Souza preferiram não se manifestar sobre o assunto. “Faço a relatoria da CPI [dos Fundos de Pensão], bem como por ser da área jurídica e conhecedor desses ritos não posso me posicionar sobre o mérito de um processo como esse sem nem mesmo ter havido a apresentação do contraditório”, justificou Sérgio Souza.
Perda de apoio
Em dezembro do ano passado, a Gazeta do Povo mostrou que apenas 12 parlamentares da bancada paranaense diziam que votariam a favor da abertura do processo de impeachment. Quase quatro meses depois, o número de parlamentares do estado publicamente contra a presidente subiu para 20 – dois terços da bancada. Na ocasião, 11 parlamentares estavam indecisos.
Para que o impeachment seja aprovado na Câmara dos Deputados, dois terços dos parlamentares devem votar favoráveis à cassação da presidente. Se aprovado na Câmara, o processo de impeachment segue para votação no Senado.
Colaboraram: Katna Baran, Cecília Tümler e Mariana Balan
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