Votação manual: apuração levava dias e havia maior risco de fraudes, além do problema de interpretar a escrita do eleitor.| Foto: Arquivo/Edson Silva/Gazeta do Povo
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Uma portaria assinada pelos presidentes de tribunais superiores do país na segunda-feira da semana passada (30) trouxe à tona a discussão sobre a possibilidade da volta do voto manual, sem o uso de urnas eletrônicas. O Poder Judiciário alega que com o corte no orçamento imposto pela presidente Dilma Rousseff (PT), não haveria dinheiro para realizar as eleições por meio do voto eletrônico.

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Há quem acredite que a volta do voto manual não vai ocorrer. Para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) Jucimar Novochadlo, as eleições custariam mais caro caso as urnas eletrônicas não fossem utilizadas. “Com certeza no papel o gasto será bem maior, porque vamos ter que contratar mais gente, pagar alimentação, transporte, locais maiores, treinamento de pessoas”, explica. “Não tem mais espaço para voltar a cédula de papel”, opina.

“Voltar a votação manual seria uma retrocesso enorme”, analisa o advogado eleitoral Ricardo Penteado. “É uma demora medonha. É algo que dá muito mais trabalho para a Justiça Eleitoral, mobiliza uma quantidade de mão de obra espetacular e quem estiver interessado em não deixar que haja fraude, no caso os partidos políticos, precisa ter um fiscal em cada seção de apuração”, analisa o advogado.

Em caso de voto manual, na eleição majoritária, como para prefeito, o eleitor recebe uma cédula de votação e marca o candidato escolhido com um x. Já no caso dos vereadores, como há um número muito grande de candidatos, o eleitor precisa anotar nome ou número do escolhido a mão. “Essa leitura passa a ser interpretativa porque você passa a ter um grande problema: nem todo mundo escreve com uma letra bonitinha. Cada voto tem que ser interpretado”, diz Penteado.

No papel o gasto será bem maior, vamos ter que contratar mais gente, pagar alimentação, transporte, locais maiores.

Jucimar Novochadlo, presidente do TRE-PR.

Demora

Outro problema seria a apuração dos votos. A apuração de todas as urnas eletrônicas do país termina em horas. No voto manual, levaria pelo menos de três a quatro dias para a população conhecer o resultado, de acordo com Novochadlo.

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Para contar as cédulas na época do voto manual, havia procedimento específico: mesários e escrutinadores contavam os votos. Havia o mapeiro, responsável pela distribuição de informações do número de votos em cada região da cidade ou do estado, e o revisor, que conferia se os dados transmitidos pelos escrutinadores entravam na contagem e se estavam distribuídos nas regiões de forma correta.

Fraudes

Para Penteado, a possibilidade de fraudes às eleições é muito maior na votação manual. “O voto está exposto em vários momentos. Ele pode ser interpretado e manipulado. Na urna eletrônica, não”, diz. “Entrando ação humana na apuração dos votos havia todos aqueles escândalos de candidatos que nem apareciam em determinada região e tinham votação expressiva”, lembra Novochadlo.

A última eleição realizada utilizando o voto manual foi em 1998. Mesmo assim, a urna eletrônica já era usada nas capitais e em municípios com mais de 200 mil eleitores. A partir de 2000 todo o país passou a usar o equipamento eletrônico.