O presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado, conseguiu prorrogar pela segunda vez seu afastamento do cargo. O executivo adiou até o dia 21 de janeiro uma definição sobre sua saída definitiva do comando da subsidiária de transporte e logística da Petrobras. Machado foi citado como integrante de um esquema de desvio de recursos da estatal pelo ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, delator na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Costa disse ter recebido das mãos de Machado R$ 500 mil como pagamento de propina.
O executivo está longe da Transpetro desde o dia 3 de novembro, quando pediu a primeira licença do cargo. A última licença obtida por Machado venceu no fim de semana. Até o início da noite desta segunda-feira (5), a permanência ou não no cargo estava indefinida.
Ex-senador pelo Ceará, Machado é afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O aliado atuou nos bastidores pela permanência do presidente no cargo. Em troca, articulou a votação de projetos de interesse do governo, como a revisão da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2014, que permitiu o descumprimento da meta de superávit.
A declaração de Costa sobre Machado levou a empresa de auditoria da Petrobras, PricewaterhouseCoopers (PwC), a demonstrar constrangimento em validar o resultado financeiro do terceiro trimestre da estatal diante da permanência em um dos principais cargos executivos da estatal, o de presidente da subsidiária de logística, de um nome denunciado à PF.
Diante do impasse entre atender às reivindicações da auditoria, e assim avançar para conseguir ter o balanço auditado, e afastar do cargo um dos seus presidentes em meio à enxurrada de denúncias de desvios de recursos, a solução encontrada foi afastar Machado do cargo, situação que perdurou até hoje. Longe do cargo, ele se afasta também do poderio de uma empresa de orçamento bilionário e contratante de mão de obra em grande escala, ao mesmo tempo que se aproxima do desgaste político.
Além de ser alvo de investigação da Polícia Federal, Machado é acusado pelo Ministério Público Federal de fraudar licitação em 2010. A concorrência é destinada à aquisição de 20 comboios que transportarão etanol no Estado de São Paulo. Segundo o MPF, há indícios objetivos de favorecimento do consórcio vencedor, o consórcio Rio Maguari. Conforme matéria publicada pelo Estado no dia 11 de novembro, empresas participantes do consórcio financiaram a campanha eleitoral de Renan Calheiros em 2010. A SS Administração e Serviços e a Rio Maguari Serviços e Transportes Rodoviários, ambas instaladas no Pará, doaram R$ 400 mil ao PMDB de Alagoas três meses antes de vencerem a licitação. Calheiros e as empresas negaram qualquer irregularidade nas doações.
Há dois meses a Transpetro está sendo presidida interinamente pelo diretor Cláudio Ribeiro Teixeira Campos, funcionário de carreira da Petrobras. Desde então, quando houve a substituição do cargo, Machado vem afirmando que as acusações contra ele são levianas.
Ao anunciar o seu afastamento da presidência, ele disse que a decisão foi "espontânea", para evitar que a sua permanência atrapalhasse o trabalho da PwC e a divulgação do balanço financeiro da Petrobras relativo ao terceiro trimestre do ano passado, o que ainda não aconteceu. A estatal informou que irá publicar o resultado ainda neste, mas sem a validação da empresa de auditoria.
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