Pecuarista José Carlos Bumlai vai responder por corrupção e gestão fraudulenta.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Paraná, aceitou nesta terça-feira (15) a denúncia contra o pecuarista José Carlos Bumlai e outras dez pessoas, acusadas de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

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Bumlai, agora réu, é suspeito de ter participado de um esquema de corrupção na Petrobras e repassado dinheiro ao PT, trabalhando como um “operador do partido”.

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Além dele, foram denunciadas outras dez pessoas, entre elas o filho e a nora do empresário, três executivos do grupo Schahin, os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Zelada, o ex-gerente da estatal Eduardo Musa, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o lobista Fernando Soares, o Baiano.

O principal alvo da denúncia é um empréstimo de R$ 12 milhões concedido a Bumlai pelo banco Schahin em 2004, cujos valores, de acordo com o Ministério Público Federal, foram transferidos a pessoas ligadas ao PT.

O empréstimo, obtido “sem garantias reais”, nunca foi pago, diz a denúncia. Segundo os procuradores, um acordo entre Bumlai e a Schahin, que atua na área de engenharia, garantiu que a empresa perdoasse a dívida em troca de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras para a operação de um navio-sonda, em 2009.

Nesta segunda (14), no momento em que a denúncia era apresentada à imprensa, o próprio pecuarista admitiu em depoimento à Polícia Federal que só fez o empréstimo para repassar o dinheiro ao PT.

Segundo Bumlai, uma parte dos valores foi destinada ao PT de Campinas, para pagar dívidas de campanha, e outra parte ao empresário Ronan Maria Pinto, que teria chantageado o partido para não contar o que sabia sobre o caixa dois do PT em Santo André, cidade administrada à época pelo prefeito Celso Daniel (PT).

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A confissão parcial foi levada em conta pelo juiz Moro, que entendeu que há justa causa para as imputações e indícios suficientes de materialidade e autoria.

OUTRO LADO

O advogado de Bumlai, Arnaldo Malheiros Filho, afirmou que acha “temerário o Ministério Público oferecer uma denúncia contra quem não foi ouvido” e não quis comentar a confissão.

Em nota, a assessoria do empresário Ronan Maria Pinto disse que aguarda “com total tranquilidade” as investigações da Lava Jato, e afirmou não conhecer Bumlai ou ter “qualquer relação com esses fatos”.

Os advogados dos demais acusados ainda não se manifestaram sobre a denúncia.