Desde que foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE) tem dado declarações polêmicas e protagonizado episódios controversos. Já em sua primeira entrevista coletiva no posto, transmitida ao vivo pela TV Câmara por sua determinação, Severino esbravejou contra o casamento de pessoas do mesmo sexo e contra o aborto e disse que acabaria com "panelinhas" no Congresso.

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- Tem uma igrejinha (panelinha) aqui dentro e tem medo da minha ação. Essa igrejinha vai acabar! - afirmou.

Disse também que podia até "não gostar do presidente Lula", mas não iria atravancar seu governo. Neste momento, cometeu uma gafe e chamou Lula de "presidente Dutra".

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Poucos dias após a eleição, conterrâneos da cidade de João Alfredo (PE) acusaram Severino de ter o hábito de passar cheques sem fundo para comerciantes locais. Um morador da cidade exibiu cheques sem fundos recebidos dele.

- É porque sempre tem bandidos. Esse que tem o cheque meu se apropriou, na época, de uma campanha política. Paguei tudo, integralmente, mas como eram muitas as despesas, recolhi os cheques. Tenho 40 anos de mandato e ainda tem um bandido que vem cobrar um dinheiro que já paguei - justificou.

Ainda em fevereiro, mês em que foi eleito, Severino chegou a dizer que havia indícios de que partidos estavam subornando parlamentares para que eles trocassem de legenda. Depois, voltou atrás e afirmou que havia apenas repetido o que os jornalistas diziam.

Cinco dias após sua eleição, num churrasco em sua homenagem em Goiás, fez a primeira exigência pública de um ministério para o seu partido, o PP. E disse que, se pudesse escolher, queria o Ministério da Fazenda.

- É para tomar conta de tudo - justificou.

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No dia seguinte, defendeu o reajuste dos subsídios dos deputados de R$12.500 para R$21 mil e disse que a opinião pública estava do seu lado.

- Evidente que a sociedade quer, que está aceitando. Não tem sido é bem esclarecida (a proposta). O que a sociedade não aceita é desonestidade e roubalheira. Se existir isso dentro da Câmara, vou acabar.

Impedido pela pressão da opinião pública de elevar os subsídios, recorreu ao poder da Mesa Diretora para aumentar em 25% a verba de gabinete a que cada deputado tem direito - medida que terá impacto de R$93 milhões por ano nas contas da Câmara.

- Não tenho constrangimento. Os parlamentares têm que ter condições de trabalho e vamos dar essas condições. Não podemos ter deputados subjugados ao poder econômico, nem ao presidente da República. Deputado tem que ser independente - argumentou o presidente da Câmara.

Severino também se esmerou em conseguir indicações para aliados a pessoas próximas a ele. Seu filho, José Maurício Valadão Cavalcanti, foi nomeado para a Superintendência de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Pernambuco. Severino defendeu-se dizendo que José Maurício possui todas as condições exigidas para o cargo:

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- Eu não escondo o que faço. Quem fez a indicação foi Severino Cavalcanti. Meu filho cursou universidade, defendeu tese e é um economista com trabalho reconhecido. Faço o que a sociedade quer e a imprensa também. Fui muito criticado por não ter diploma.

Em março, durante o período de especulações sobre reformas no Ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Severino fez um ultimato, o que levou o governo a adiar a reforma

- Se o presidente não assinar amanhã (hoje) a indicação do Ciro, o PP poderá ser o aliado do PFL. Ou teremos o ministro das Comunicações ou tomaremos posição diferente - disse.

Em maio, fez nova exigência de indicação, dessa vez em conversa com a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff (hoje na Casa Civil). Numa frase que ficou famosa, exigiu que um apadrinhado fosse nomeado para a Diretoria de Exploração e Produção da Petrobras, definida por ele como "aquela diretoria que fura poço e acha petróleo. É essa que eu quero."

No dia 15 de agosto, disse que estava pronto para assumir a Presidência da República no caso de impeachment de Lula.

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No início de setembro, provocou confusão na Câmara ao propor penas mais brandas para quem usou caixa dois na campanha eleitoral, o que, junto à denúncia de que recebia um mensalinho do empresário Sebastião Buani, deu início ao movimento para derrubá-lo.

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