O presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), admitiu nesta terça-feira (26) deixar o cargo, e avisou que, por falta de relator, pode tentar votar nesta quarta (27) o relatório que pede o arquivamento do processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Renan é acusado de receber ajuda de um lobista para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos.
Sibá alega que não encontrou, até agora, alguém para assumir a relatoria, embora tenha a prerrogativa regimental de escolher o nome por conta própria. Segundo o senador, com essa dificuldade em nomear um relator, ele pode colocar em votação nesta quarta o relatório que pede o arquivamento do processo feito pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que pediu licença por motivos de saúde.
"Não procuro mais ninguém. Sem relator, fico com o que tenho: o relatório do Cafeteira e os três votos em separado da oposição (que pedem a continuidade das investigações). Neste caso, aprova-se o [relatório] de Cafeteira ou rejeita-se", disse.
Ou seja, se o relatório de Cafeteira for aprovado, o processo contra Renan estaria arquivado. E a promessa feita pelo próprio Sibá na semana passada de aprofundar as investigações não seria cumprida. "Não estou enterrando absolutamente nada", disse Sibá.
Ameaça de renúncia
O presidente do Conselho responsabiliza os líderes dos partidos pela dificuldade em não encontrar um relator. Mesmo autorizado regimentalmente a escolher um nome, Sibá alega que preferiu consultar os líderes. A responsabilidade maior, segundo ele, seria da bancada do PMDB, partido de Renan.
Isso porque a oposição já apresentou relatórios paralelos e o PT, de acordo com Sibá, descartou, por exemplo, assumir a função, já que tem a presidência do Conselho. Restaria, dentro do órgão, o PMDB, que não indicou ninguém, embora o senador Gilvan Borges (PMDB-AP) tenha se oferecido para a função.
Irritado, Sibá negou que tenha sido enquadrado pelos aliados de Renan e ameaçou deixar a presidência do Conselho de Ética após a reunião desta quarta.
"Se eu entender que o Conselho não tem condições de continuar os trabalhos, deixo isso [a renúncia ao cargo] como possibilidade. Não há razão para que continue", afirmou, negando pressão. "Não, absolutamente", disse.
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