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No Senado, clima de "frieza e decepção" com Demóstenes
O presidente do Conselho de Ética do Senado, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), afirmou que há na Casa um clima de "total frieza, constrangimento e decepção" em relação a Demóstenes Torres (ex-DEM).
"Um homem acima de qualquer suspeita que, lamentavelmente, está agora no Conselho de Ética para ser julgado", disse. Mas o presidente do Conselho de Ética ressaltou que o procedimento será conduzido com equilíbrio. "Este é um Conselho de Ética, não um tribunal de inquisição. E o presidente e o relator não são carrascos. O colegiado agirá com seriedade, sem perseguição."
Polvo
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadih Damous (foto), defendeu ontem a instalação imediata de uma CPI para investigar Carlinhos Cachoeira e suas relações com a classe política. "O esquema de corrupção comandado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira funciona como polvo de vários tentáculos e ao que parece não só com o senador Demóstenes Torres, que é apenas mais um tentáculo, embora o principal", afirmou Damous.
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou ontem o pedido da defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) para suspender o inquérito que investiga o parlamentar. A defesa do senador pedia a suspensão até que o plenário da corte analise a anulação das gravações que o ligam a Carlinhos Cachoeira, acusado de explorar jogo ilegal. As gravações foram realizadas durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que levou Cachoeira à prisão.
Demóstenes argumenta que, por ter foro privilegiado, não poderia ter sido monitorado sem o aval do Supremo. O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que a decisão não representa derrota para a defesa do parlamentar.
"Em liminar, o ministro considerou que não era o caso de suspender o inquérito. Um ministro não pode liminarmente tornar nulas as provas. O pedido era para paralisar as investigações até o julgamento do mérito. Vamos agora ao mérito", afirmou o advogado. O mérito do caso vai ser julgado pelo plenário do STF.
Segundo Kakay, Lewandowski atendeu parte do pedido da defesa ao permitir que as escutas e a ação penal que tramita na Justiça de Goiás sejam encaminhadas integralmente ao STF.
Demóstenes planejava esperar a anulação das provas pelo STF para discutir uma eventual renúncia. Com a liminar, a expectativa é que o senador se mantenha no cargo para manter o foro privilegiado no Supremo. O parlamentar responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado que pode resultar na cassação do seu mandato.
Entenda o caso
Escutas telefônicas da Polícia Federal revelaram que Demóstenes atuava no Congresso em favor de Cachoeira. Lewandowski determinou, a pedido da Procuradoria-Geral da República, a quebra de sigilo bancário do senador, por entender que existem indícios de uma ligação criminosa entre o parlamentar e o contraventor.