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Primeiro suplente do ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) , que na noite desta quarta-feira renunciou ao mandato, Gim Argello (PTB) também é suspeito de irregularidades no Distrito Federal. Ele é investigado pela Operação Aquarela, da Polícia Civil do DF, por suspeita de grilagem de terras e desvio de recursos públicos. Argello tem 60 dias para assumir o cargo de Roriz, que abriu mão do mandato para evitar ser julgado pelo Conselho de Ética.

Em carta lida pelo colega de partido Mão Santa (PI), Roriz apresentou a renúncia para escapar de ter o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por oito anos. Dos 81 membros do Senado, apenas 12 ouviram o discurso de defesa do ex-governador do Distrito Federal na semana passada. Roriz foi flagrado em conversa telefônica feita pela Polícia Civil de Brasília negociando a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões que pertencia ao empresário Nenê Constantino, dono da Gol. ( Confira os principais trechos da carta no Blog do Noblat )

- O desapreço dos senadores pelo destino do colega foi notável - afirmou Roriz, que atacou especialmente o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), um dos mais críticos de seu caso.

Fazendo referências a Deus, ao "mistério da Vida" e a seu passado político, Roriz se disse vítima de uma injustiça e reclamou que não teve o devido espaço de defesa na imprensa:

- São essas as razões pelas quais devo comunicar minha renúncia ao mandato de senador da República que o povo de Brasília me conferiu - disse.

Roriz decidiu renunciar assim que a Mesa do Senado determinou, por unanimidade, o encaminhamento do processo contra ele para o Conselho. Ao fim da reunião da Mesa, na manhã desta quarta-feira, Roriz mostrou a carta de renúncia a senadores, mas desistiu de formalizar seu pedido para aguardar a notificação pelo Conselho. A notificação, segundo a Secretaria Geral da Mesa do Senado, poderia ser feita ainda na noite desta quarta-feira ou a partir da manhã desta quinta. Mas, antes mesmo de ele receber a comunicação do Conselho, a carta de renúncia de Roriz foi lida no plenário por Mão Santa.Aliados e opositores comentam renúncia

Ao longo do dia, Roriz e aliados discutiram qual seria a melhor estratégia para o grupo político do ex-governador do Distrito Federal. Segundo o deputado Tadeu Filippelli (PMDB-DF), aliado de Roriz, o senador decidiu renunciar depois que percebeu que não tinha apoio político no Senado. Filippelli afirmou que o agora ex-senador avaliou que era melhor preservar os direitos políticos para 2010.

- A renúncia foi uma manifestação de confiança no futuro e uma opção por não ser triturado num julgamento político pelo Senado - observou Filippelli.

Após a leitura da carta de renúncia, apenas dois senadores do PMDB lamentaram a decisão de Roriz: O próprio Mão Santa e Wellington Salgado (MG). Entre os oposicionistas, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), afirmou que a decisão poupa o Senado de um maior desgaste:

- De certa forma, a renúncia poupa o Senado e, ao memo tempo, ele vai ficar se guardando para se submeter em algum momento ao julgamento eleitoral dos brasilienses - afirmou.

O presidente nacional do Democratas, Rodrigo Maia (RJ), também entende que Roriz não tinha outra alternativa:

- Ele não tinha outra alternativa que não fosse a perda do mandato no momento adequado ou a renúncia no momento atual.

O primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), revelou que os aliados de Roriz trabalham com a hipótese da renúncia de Argello e do segundo suplente, o ex-presidente da Caesb Marcos de Almeida Castro, caso o ex-governador não seja indiciado pelo Ministério Público ou seja inocentado pelo STF. Nesse contexto, avaliam seus aliados, Roriz teria condições de recuperar o mandato, apresentando-se aos eleitores como vítima de injustiça.Aliado de Roriz é nomeado para vice-presidência da CEF

Horas antes de ter sua carta de renúncia lida no plenário, Joaquim Roriz viu um aliado seu, Carlos Antônio de Brito, que foi diretor do BRB quando ele era governador do Distrito Federal, ser nomeado para a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. A formalização foi feita pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sofreu forte pressão de partidos aliados e acabou fazendo um loteamento político na CEF. Outras quatro vice-presidências do banco receberam novos titulares. As indicações foram divididas entre PMDB, PT e PDT.

Houve pressão para que a nomeação de Brito fosse revista. O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, foi questionado sobre a indicação. Mas a nomeação foi mantida, após o deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF) assumir a paternidade da indicação.Com renúncia coletiva, Roriz poderia voltar

Ao renunciar para tentar escapar da cassação, Roriz ainda tem chances de garantir seu futuro político. Se o suplente Gim Argello assumir o mandato de senador, Roriz ficará livre para concorrer ao governo do Distrito Federal em 2010 — desejo, aliás, manifestado por ele em diversas ocasiões. Roriz também tem outra escolha: tentar convencer Gim Argello e o segundo suplente, Marco Aurélio de Almeida Castro, a renunciar também. Nesta hipótese, seria convocada nova eleição em até três meses para o cargo, e Roriz, em tese, poderia candidatar-se novamente para o Senado, ainda este ano.

Roriz foi flagrado pela Polícia Civil do Distrito Federal na Operação Aquarela, que investiga fraudes no Banco de Brasília (BRB), discutindo com o ex-presidente do banco Tarcísio Franklin de Moura a partilha de um cheque de R$2,2 milhões, que pertencia ao empresário Nenê Constantino, dono da Gol e de empresas de ônibus no Distrito Federal. A revista "Veja" desta semana afirma que o dinheiro teria sido usado para subornar juízes.

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