• Carregando...

O depoimento de Cristian Cravinhos deverá ser peça prioritária da Promotoria para fundamentar o pedido de condenação de Suzane von Richthofen. Cristian foi o primeiro a confessar o assassinato dos pais dela, Marísia e Manfred von Richthofen, e seu depoimento contém detalhes do crime que mostram que Suzane não ficou passivamente na biblioteca da casa enquanto seus pais eram assassinados por ele e por Daniel. Ele revela, por exemplo, que Daniel e Suzane pretendiam montar um negócio com o dinheiro a ser herdado por ela e que foi o próprio Daniel quem confeccionou os porretes, feitos de ferro e com cabo de madeira, usados no assassinato.

O depoimento de Cristian derruba ainda a versão de que Suzane ficou com os ouvidos tampados, na biblioteca, enquanto seus pais eram assassinados. Segundo ele, foi Suzane quem levou a jarra com água usada para molhar as toalhas usadas no crime. Uma foi colocada na boca para sufocar a mãe dela, que ainda agonizava. A outra foi usada para cobrir o rosto do pai. As cenas de reconstituição do crime também indicam que Suzane não teria tido tempo de dar ajuda a eles - pegar sacos plásticos, por exemplo - e ficar na biblioteca, tampando os ouvidos, enquanto seus pais eram assassinados.

Suzane só confessou ter planejado e participado da morte dos pais no quinto depoimento à polícia. Nos quatro anteriores, manteve a versão de roubo seguido de morte e lançou suspeitas sobre ex-empregados da casa. A versão dela só começou a ir por terra depois do depoimento de Cláudia Sorge, amiga da mãe dela, que contou à polícia que Marísia havia trocado recentemente o miolo da fechadura e que só a família possuia cópias das novas chaves da casa. Cláudia é testemunha de acusação. É ela que a defesa ameaça apresentar como um caso homossexual de Marísia.

Assim como os advogados de defesa de Suzane, os promotores Roberto Tardelli e Nadir de Campos Júnior buscam nas 2.413 páginas do processo, distribuídas em 12 pastas de capa cor-de-rosa, os argumentos para convencer os jurados a decidirem pela pena máxima, de 30 anos pela morte de Marísia e 30 anos pela morte de Manfred. Contam para redução da pena o fato de ela ter na época menos de 21 anos, ser ré primária e ter confessado o crime.

Tanto o trabalho da defesa quanto o da promotoria, porém, pode ser adiado pelo voto de apenas um ministro do Superior Tribunal de Justiça: Hamilton Carvalhido. Isso porque a 6ª Turma do STJ, que vai julgar o pedido de liberdade provisória para Suzane, mesmo se ela for condenada, está reduzida a apenas três ministros: Nilson Naves, Paulo Medina e Hamilton Carvalhido. Naves já deu parecer favorável à liberdade. Pela ordem, o próximo a votar é Carvalhido.

Se Carvalhido votar favoravelmente ao pedido de liberdade provisória feito pelos advogados de defesa da jovem, ela não irá para a cadeia até que todos os recursos na Justiça se esgotem. Ou seja, o voto dele garante a maioria, de dois votos.

Caso o ministro Carvalhido vote contra a liberdade provisória, a decisão ficará nas mãos do ministro Paulo Medina, o próximo a votar. Se ele pedir vistas do processo, assim como fez Carvalhido, a decisão ficará adiada para a próxima reunião da 6ª Turma do STJ, que só deve acontecer em agosto. Em julho, os ministros estarão em férias forenses. Se isso acontecer, é provável que Suzane continue cumprindo prisão domiciliar, já que a liminar que concedeu a ela este benefício continua tendo validade.

A expectativa é que o ministro Carvalhido dê seu voto no próximo encontro da 6ª Turma, mas isso não é certo. Ele pode pedir mais tempo para analisar o processo antes de se pronunciar. A próxima reunião está marcada para o dia 29 de junho. Inicialmente, ela aconteceria no dia 27, mas por causa do jogo do Brasil, foi adiada para a quinta-feira.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]