O Ministério das Relações Institucionais confirmou nesta terça-feira que Tarso Genro será o novo ministro da Justiça no lugar de Márcio Thomaz Bastos, a partir de sexta-feira, na transmissão de cargos. A saída de Thomaz Bastos já era esperada. Tarso é advogado especializado em direito trabalhista. No governo Lula já foi também ministro da Educação.
Tarso recebeu nesta terça-feira o presidente do PMDB, Michel Temer, que reivindica mais um ministério para a bancada do partido na Câmara, além da Integração Nacional, para a qual foi indicado Geddel Vieira Lima (BA). A nova pasta deve ser decidida no encontro que Temer terá nesta quarta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dia depois de Lula reunir a cúpula do PT e criticar a pressão por cargos, o presidente do partido, Ricardo Berzoini (SP), disse nesta terça-feira que não irá ao Palácio do Planalto na quarta, como previsto, para continuar as negociações sobre a participação do partido no Ministério. Berzoini disse que o PT já levou todos os nomes ao presidente e que cabe agora a ele decidir.
Segundo o Blog do Noblat, a bancada do PT na Câmara já decidiu quem vai indicar para a reforma ministerial: os deputados Pedro Eugênio (PT-PE), para o Desenvolvimento Agrário, e Maurício Rands (PT-PE), para a Previdência. A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy seria a indicada para o Ministério do Turismo. Os nomes precisam ainda passar pelo crivo da executiva.
- Os nomes já estão lá e ele escolhe. O presidente conhece todos os nomes e tem condições de definir se algum vai para o seu Ministério. Esse assunto já está equacionado na executiva do partido, agora é o presidente quem decide. Não temos nenhuma indicação para tal lugar nem temos reivindicação de cargos específicos - afirmou.
Mais cedo, em visita a uma feira de construção, em São Paulo, Lula elogiara decisão do PT de não pressionar o governo em relação à composição dos ministérios e disse, mais uma vez, que não tem pressa para anunciar novos integrantes para a equipe.
- Eu confesso, acho que houve poucos momentos na história do Brasil, a não ser na época do regime militar, que um presidente teve a tranqüilidade de montar o governo, como eu estou tendo. Eu não tenho pressa, eu não tenho data, ninguém está me cobrando data. É um problema eminentemente meu, que eu vou fazendo na medida em que eu achar que devo fazer.
Mas, perguntado se poderia anunciar algum nome esta semana, o presidente desconversou:
- Posso, e posso também não anunciar.
Havia a expectativa de que o presidente anunciasse os novos ministros nesta semana, após a convenção que escolheu o novo presidente do PMDB, no domingo. Dois meses e meio após a posse, o presidente ainda vem se reunindo com representantes dos 11 partidos da base de governo.
O presidente afirmou ainda que não está sendo cobrado por nenhum partido interessado em aumentar a presença no governo, mas considerou legítimo que as legendas façam reivindicações.
Com relação ao PT, Lula disse que "o partido foi maduro". Segundo ele, tanto os petistas quanto integrantes de outros partidos estão tendo comportamento "exemplar e civilizado".
- Todos os partidos sabem que, no fundo no fundo, quem tem que montar o ministério é o presidente da República.
"O Globo": Lula não quer Marta no Ministério das Cidades
Segundo o jornal "O Globo", porém, após mais uma reunião da executiva petista para elaborar uma lista de nomes e garantir uma pasta para a ex-prefeita Marta Suplicy, Lula chamou ao Planalto Berzoini e a comissão política da sigla para dar um ultimato. Irritado, disse que as cobranças e a disputa interna o deixam em situação constrangedora.
Jogando uma pá de cal na pretensão petista de ver Marta no Ministério das Cidades, o presidente pediu que na quarta-feira Berzoini lhe leve apenas três sugestões para os ministérios do Turismo, da Previdência e do Desenvolvimento Agrário, que já é do PT. Ainda assim, não se comprometeu a aceitar as sugestões.
- Estou cansado desse nhenhenhém do PT - disse ele, repetindo uma expressão muito usada pelo ex-presidente Fernando Henrique. - Essas cobranças públicas só me constrangem. Tragam-me três nomes até quarta-feira. Ou o PT resolve isso internamente ou resolvo eu - disse Lula aos petistas, segundo um dos presentes.
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