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São Paulo - O parlamentar paranaense Osmar Serraglio (PMDB) era apenas mais um dos 513 deputados que integram a Câmara antes de ficar nacionalmente conhecido como o relator da CPI Mista dos Correios, em 2005. Advogado e professor, Serraglio foi indicado pela base governista, que esperava que a inexperiência do deputado em CPIs acabasse por amenizar o relatório.

No entanto, o relatório da CPI dos Correios teve efeitos práticos maiores do que nenhuma outra. Foi a partir do relatório dessa comissão que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra 40 pessoas envolvidas no chamado esquema do mensalão – entre os denunciados estão José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Luiz Gushiken, Marcos Valério, Duda Mendonça e outros, acusados pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão ilegal de divisas, corrupção ativa e passiva e peculato.

Elogiada por cientistas políticos e procuradores, a CPI dos Correios fez algumas inovações. "Reconheci que sozinho não conseguiria fazer nada e distribuí toda a matéria a ser investigada entre os integrantes de partidos da base e da oposição em sub-relatorias", conta. "Eu fazia a coordenação e diversifiquei para equilibrar. Dessa forma, a investigação da CPI seria necessariamente transparente."

Milhões de dados

Com mais de 30 milhões de dados bancários, financeiros e telefônicos, a CPI contratou empresas da área de auditoria para analisá-las e transformá-las em informações úteis. "Recebemos críticas de que estávamos criando despesas, mas se não fosse por isso não conseguiríamos analisar os dados, principalmente quando começamos a investigar os fundos de pensão, uma área árida para os parlamentares", explica.

Do relatório final, além dos 40 denunciados por participação no mensalão, há processos correndo em diversos fóruns de todo o país, segundo Serraglio. "E muitas coisas ainda vão surgir. Foram indiciadas mais de 120 pessoas. São coisas que acontecerão lentamente, mas acontecerão", garante o deputado.

Além dos efeitos na Justiça, a CPI também teve reflexos políticos. A investigação resultou em um forte desgaste de integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) que, ironicamente, haviam se notabilizado por meio do mesmo instrumento nas comissões que investigaram o caso PC Farias e os Anões do Orçamento. Para Serraglio rendeu um pouco mais de pretígio dentro do Congresso. Depois que entregou o relatório da CPI dos Correios, em 2006, ele não voltou a participar de comissões, mas foi eleito primeiro secretário da Câmara e exerceu a função entre 2007 e 2009. "Eu nunca postulei participar de CPI. Mas tenho certeza de que minha eleição para primeiro secretário da Câmara teve muito a ver com meu trabalho na CPI. Ascendi muito como consequência desse trabalho", admite.

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