Depois de uma série de medidas e nomeações polêmicas, o presidente Michel Temer busca remendar equívocos e montar um superministério da Justiça e da Segurança Pública com indicações de nomes mais técnicos e “notáveis”, casos do ex-ministro do STF Carlos Velloso e do ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame.
Num movimento atípico, Temer recebeu Velloso em seu gabinete na terça-feira (14) à tarde e, depois, oficializou o encontro e o tema tratado por meio do porta-voz, Alexandre Parola. Normalmente, essas sondagens são feitas de forma reservada e não confirmadas oficialmente.
O ex-ministro foi levado para conversar com Temer pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG). Durante a conversa, o jurista não chegou a ser formalmente convidado por Temer para comandar a pasta, mas Parola disse que “o presidente seguirá conversando com o antigo amigo”.
Quanto a Beltrame, a ideia de Temer é colocá-lo como um supersecretário de Segurança Pública e Política Penitenciária. Apesar da forte ligação com o governo Sérgio Cabral, por ter sido secretário de Segurança Pública do Rio na gestão do peemedebista, a atuação de Beltrame é considerada independente das ações políticas que levaram o ex-governador à prisão. A avaliação de interlocutores presidenciais é que a atuação de Beltrame na implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e no comando da secretaria dissipariam eventuais críticas ao fato de ter sido aliado de Cabral.
Beltrame é policial federal de carreira e se aposentou no ano passado. Atua, hoje, como consultor da Vale e integra o Conselho de Gestão de Segurança Urbana na gestão João Doria (PSDB), em São Paulo, numa função não-remunerada.
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A conversa com Beltrame ainda é inicial. Segundo um auxiliar de Temer, houve uma primeira sondagem, mas nenhum encontro entre o ex-secretário e o presidente, como ocorreu com Velloso. A intenção de Temer é definir os nomes depois que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sabatinar Alexandre de Moraes para a vaga no STF, o que ocorrerá na próxima terça-feira ( 21).
Velloso diz que a Lava Jato está ‘passando a limpo o Brasil’
O nome de Velloso, que tem o apoio de tucanos, ganhou força esta semana. Até então, os nomes mais cotados para a Justiça eram do advogado Antonio Cláudio Mariz, que tem restrições à Lava Jato, e do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), crítico à atuação do Ministério Público. Temer acabou recuando das indicações, após a escalada de críticas que recebeu por nomear Moreira Franco ministro, indicar Alexandre de Moraes para a vaga da Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal, e entrar com uma ação censurando matérias dos jornais O GLOBO e “Folha de S.Paulo”.
Na semana passada, em entrevista ao Broadcast Político, questionado se aceitaria o convite, caso efetivamente seja feito por Temer, o ex-presidente do STF esquivou-se: “Sobre esse aspecto, não devo me manifestar. Não seria muito ético dizer se aceito ou não, nem sondado fui”, disse na ocasião.
Na entrevista, Velloso disse ainda que nenhum titular da pasta poderá ser “entrave” para a Operação Lava Jato. “De jeito nenhum (um ministro vai barrar a operação)”, afirmou. “A Lava Jato está passando a limpo o Brasil. Tem o apoio da sociedade brasileira e da mídia séria”, completou.
Segundo relatos, Temer consultou Velloso sobre nomes até então de fora para comandar a Justiça. Não conversaram sobre o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que em entrevista ao Estado, revelou ter declinado o convite do presidente para o cargo nem sobre o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).
No encontro, o presidente deu sinais que pretende definir o nome para a Justiça até a próxima semana. Foi feita uma avaliação sobre o perfil que tem de ter o ministro. O convite para o encontro de ambos, de cerca de uma hora, partiu do próprio presidente, que telefonou para Velloso, que estava em Belo Horizonte (MG), para convidá-lo para conversar.
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