Para Alvaro, Derosso tem de se afastar
O senador Alvaro Dias (PSDB) defendeu ontem, em entrevista à rádio BandNews, o afastamento do presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso, também tucano. "É necessário. O afastamento é a primeira medida para que a investigação ocorra sem constrangimento. Como pode haver uma investigação eficiente se o investigado está no comando?", questionou o senador. Alvaro defendeu também que Derosso se afaste do próprio partido.
A vereadora Professora Josete (PT) vai protocolar hoje uma nova representação contra o presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB). Desta vez a denúncia é motivada pelo suposto jornal "fantasma" Câmara em Ação, com notícias sobre o Legislativo curitibano.
Josete deve pedir também a convocação de mais duas testemunhas para serem ouvidas pelo Conselho de Ética: a mulher de Derosso e proprietária da empresa Oficina de Notícias, Cláudia Queiroz Guedes, e sua irmã, Renata Queiroz Gonçalves do Santos, que foi nomeada para um cargo comissionado na Câmara por três meses, no início desse ano o que contraria determinação do Supremo Tribunal Federal.
Sem cópias impressas
Segundo dados do portal de Controle Social, do Tribunal de Contas do Paraná (TC), a Câmara gastou R$ 14 milhões com a impressão de 50 edições do jornal Câmara em Ação. Entretanto, não foram encontradas até hoje cópias impressas do jornal apenas arquivos em PDF, nos quais não consta a gráfica na qual o informativo teria sido impresso.
Nos registros do TC, a tiragem do jornal variou entre 156 mil e 243 mil cópias, excetuando cinco edições nas quais a tiragem não foi informada e uma de apenas 54 mil. O número de exemplares supostamente impressos chegou a ser maior que a tiragem diária de todos os jornais de Curitiba. A verba foi gerida pela empresa Visão Publicidade.
De acordo com Josete, o primeiro objetivo das investigações é descobrir se o jornal chegou a ser, de fato, impresso. "Nós queremos saber efetivamente onde esse jornal foi publicado. Fizemos buscas em bibliotecas, mas não encontramos exemplares. Acho estranho que isso aconteça com um jornal com a tiragem declarada de 200 mil cópias", diz Josete. A vereadora afirma, também, que pode sugerir a convocação do proprietário da agência responsável, o publicitário Adalberto Gelbecke Júnior.
Segundo o presidente do Conselho de Ética, Francisco Garcez (PSDB), a denúncia deve ser recebida antes do depoimento secreto de Derosso, a ser realizado hoje. Como se trata de uma representação de uma parlamentar, o processo deve ser analisado por uma subcomissão formada por três conselheiros. Os nomes ainda não foram escolhidos.
Quanto à convocação das duas irmãs para depor, Garcez diz que ainda vai consultar os outros integrantes do Conselho de Ética. "Quero saber se eles têm dúvidas. Meu trabalho é conduzir o processo", comenta. "Se um vereador do conselho disser 'quero ouvir', vou convocá-las". O vereador adiantou, também, que deve chamar membros da diretoria de licitação da Câmara para depor. Josete não é membro titular do Conselho.
Denúncias
A denúncia de Josete é a quarta oficialmente feita contra Derosso no Conselho de Ética. O presidente da Casa já havia sido denunciado por contratar a empresa da mulher para serviços de publicidade; de empregar por três meses sua cunhada; e de nomear irregularmente funcionários da Assembleia para cargos comissionados na Câmara. Os dois primeiros casos já estão tramitando no Conselho, enquanto o terceiro aguarda encaminhamento do corregedor da Câmara, Roberto Hinça (PDT).
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