A Polícia Federal investiga se os filhos do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (ex-PP) se beneficiaram do esquema de corrupção na Petrobras, dentro do inquérito que apura formação de quadrilha relacionada ao PP. Dentre os fatos investigados está até se recursos da Petrobras foram usados para mobiliar um apartamento.
Por isso, a PF apontou em relatório que é necessário tomar depoimentos da filha e do filho do ex-ministro -este último, Mário Negromonte Júnior, é deputado federal pelo PP da Bahia.
A investigação tem como ponto de partida declarações do doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato. Mário Negromonte, o pai, atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia e também já foi deputado federal.
Youssef afirmou que obteve recursos do esquema de corrupção da Petrobras para a campanha a deputado estadual de Mário Negromonte Júnior em 2010. Foram R$ 85 mil da empresa Jaraguá Equipamentos. “Com relação a Mário Negromonte, o declarante [Youssef] afirma que a campanha de seu filho Mário Silvio Mendes Negromonte Júnior para deputado estadual, em 2010, foi custeada, em parte, com recursos procedentes do esquema de corrupção na Petrobras”, diz o depoimento do doleiro.
Ele afirmou também que viabilizou doações de empresas envolvidas no esquema para o diretório estadual do PP naquele ano.
Em outro trecho do depoimento, Youssef afirmou que o apartamento usado em São Paulo pelo ex-deputado José Janene, morto em 2010, foi posteriormente alugado por Negromonte e que o doleiro teria viabilizado essa locação. “Foi o declarante quem viabilizou esta locação e inclusive pagou pelo mobiliário do apartamento com recursos do esquema da Petrobras”, diz o depoimento.
Segundo Youssef, os móveis foram comprados em dinheiro da família de Janene e o apartamento passou a ser ocupado pela filha de Negromonte.
OUTRO LADO
Procurada, a defesa do ex-ministro Mário Negromonte ainda não respondeu ao contato da reportagem. Anteriormente, a defesa já havia dito ter a convicção de que Negromonte será considerado inocente e que tem colaborado com as investigações.
O deputado Mário Negromonte Júnior afirmou que seu pai nunca lhe procurou para avisar que determinada empresa iria doar para sua campanha e que as doações foram articuladas pela direção nacional do PP.
Afirma que defende a atuação do juiz Sérgio Moro e dos procuradores da Lava Jato. “Minha família tem passado por muitas coisas. No momento certo, tudo vai ser esclarecido, como foi no caso do meu tio [Adarico Negromonte, que trabalhava para Youssef], que foi absolvido”, declarou Negromonte Júnior.
A empresa Jaraguá afirmou que a doação a Negromonte Júnior foi “legal”, está declarada e dentro dos dispositivos legais.
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