A instabilidade climática não afetou as projeções iniciais da safra para a temporada 2015/16. Apesar do excesso de chuvas no Sul e da seca intensa no Centro-Norte, o Brasil confirma a colheita de 215 milhões de toneladas de grãos, conforme aponta o Indicador Brasil divulgado pela Expedição Safra. Soja e milho representam a maior parte do total e devem superar 185 milhões de toneladas.
“Apesar de alguns problemas climáticos pontuais característicos do El Niño, o balanço da safra foi positivo. Saltamos de 210 para 215 milhões de toneladas de grãos da safra 2014/15 para a atual. O resultado também é bastante favorável para um ano de crise econômica e para um período de safras cheias no mundo inteiro, com estoques aquecidos”, avalia o gerente do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira.
Segundo o Indicador Brasil, a produção de soja cresceu 3,7% em comparação à temporada passada, fechando o ciclo 2015/16 com 99,21 milhões de toneladas colhidas. O país ganhou em área plantada (4,6%), mas perdeu em produtividade (0,8%), em especial nas regiões Sul e do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), as mais castigadas pelo clima.
A safra de milho verão seguiu o ritmo dos últimos anos e sofreu queda de 6,3%, chegando a 29,96 milhões de toneladas. O avanço da soja sobre a área do cereal é o principal motivo para a redução da produção, que deve ser compensada com o cultivo de inverno. O Indicador Brasil aponta crescimento de 4,3% na produção do milho safrinha, totalizando mais de 56 milhões de toneladas. Juntos, milho e soja devem superar a marca dos 185 milhões de toneladas neste ciclo.
De acordo com Giovani Ferreira, um dos principais motores do aumento da produção de grãos é a exportação. Segundo dados da Expedição Safra, com 98 milhões de toneladas de soja, milho e farelo embarcadas em 2015 e potencial para superar, pela primeira vez, a marca das 100 milhões de toneladas neste ano, o país acumula crescimento de 138% nas vendas internacionais na última década, superando com folga o aumento da produção consolidado no mesmo período (+63% para 215 milhões de toneladas). “Uma das variáveis que tem sustentado o aumento de produção de grãos no Brasil é a exportação”, afirma.
Soja: perda e recuperação
Faltou chuva no período de desenvolvimento das plantas e os grãos de soja não encheram como esperado nas lavouras do Matopiba. Em roteiro pela região durante a reta final da colheita, a equipe da Expedição Safra percorreu áreas completamente perdidas. Segundo o Indicador Brasil, a produtividade caiu 12,1% em comparação ao ciclo anterior, passando de 2,95 para 2,59 mil quilos por hectare. A produção final da oleaginosa ficou 5,8% menor nos quatro estados.
O Centro-Oeste do país também foi afetado por períodos de seca, mas com menor intensidade e duração. Em janeiro, no início da colheita, quando a equipe da Expedição Safra conferia as lavouras da região, os produtores estimavam perdas próximas de 500 mil toneladas de soja – principalmente no Mato Grosso. Mesmo sem chuvas regulares, o Centro-Oeste conseguiu recuperar os índices de produtividade e crescer 5,2% em produção.
Mas foram as lavouras de Minas Gerais e São Paulo que surpreenderam, apresentando crescimento expressivo apesar da influência do El Niño. O sudeste do país produziu 9,1% mais soja que na safra anterior, alcançando 6,68 milhões de toneladas da oleaginosa. A ampliação da área plantada (5,7%) e da produtividade (3,2%) contribuiu para o bom desempenho dos dois estados.
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