Nada como um filme após o outro. Depois do sucesso mundial de Bombita, seu personagem no premiado “Relatos Selvagens”, que conquistou o público ao, literalmente, dinamitar a burocracia estatal, o ator argentino Ricardo Darín está de volta, com uma história também humana, mas de tom bem mais dramático.
Em “Truman”, que estreia nos cinemas de Buenos Aires no próximo dia 24 e já tem exibição garantida no Festival do Rio (entre 1.º e 14 de outubro), Darín interpreta Julián, um doente terminal de câncer que decide interromper o tratamento diante do agravamento de seu estado de saúde. E, acompanhado pelo melhor amigo, tenta encontrar um novo lar para Truman, seu cachorro.
Ator diz ter criado relação especial com cão
Ao apresentar “Truman” à imprensa em Buenos Aires, Ricardo Darín não conseguiu esconder sua vulnerabilidade emocional em relação à sua própria história, mas também ao trabalho realizado
Leia a matéria completaCoprodução argentino-espanhola, dirigida pelo catalão Cesc Gay, o filme é quase um manifesto pelo direito de cada um decidir sobre a própria vida.
“Somos muito exigentes, pouco compreensivos e estamos muito condicionados pelo que se chama de senso comum. O senso comum diz que uma pessoa como essa [Julián] deveria cumprir uma série de normas, mas ela toma uma decisão polêmica, e, com isso, o diretor busca provocar”, diz o ator.
“Truman” foi filmado no Canadá e na Espanha, com poucos personagens e apenas quatro dias de convivência entre todos. O mais importante para Darín era evitar os “golpes baixos” na hora de relatar a etapa mais difícil de um paciente com câncer.
“Não quisemos mostrar a deterioração extrema do personagem principal. Encontrar o ponto exato, o momento até o qual queríamos chegar, foi um dos desafios”, conta.
Militar
Toda a equipe de “Truman” estará no Festival de San Sebastián, na Espanha, que começa no próximo dia 18. Ricardo Darín atualmente está mergulhado nas filmagens de “Koblic”, longa em que interpreta um militar argentino que participou dos chamados voos da morte (nos quais presos políticos da ditadura eram atirados vivos no Rio da Prata).
O filme começa com a chegada de Tomás, interpretado pelo espanhol Javier Cámara, a Madri, para passar alguns dias com seu melhor amigo. Ele sai de sua tranquila casa no Canadá, onde vive com a mulher e dois filhos, para encarar o drama que enfrenta Julián, ator argentino que há décadas trocou Buenos Aires pela capital espanhola. O encontro entre ambos é bonito, porém contaminado pela doença que Julián decidiu atravessar sem internações de urgência ou médicos. Num primeiro momento, Tomás tenta convencê-lo sobre a possibilidade de “ganhar mais tempo”, mas termina entendendo que a decisão está tomada.
“O diretor busca defender um pouco o direito que deveríamos ter todos de decidir sobre nossas vidas, sem que isso signifique uma falta de respeito aos demais”, assegura Darín, que confessa ter refletido sobre sua própria história durante as filmagens.
O pai do ator morreu de câncer quando ele tinha 30 anos. Na mesma época, sua mulher, Florencia, estava grávida do primeiro filho do casal, o hoje também famoso ator Chino Darín, registrado como Ricardo, em homenagem ao avô.
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