"The Queen", uma reconstrução da crise na monarquia britânica em 1997 provocada pela morte da princesa Diana, está sendo visto como o favorito para levar os prêmios mais importantes do Festival de Cinema de Veneza este ano. Nesta segunda-feira, sexto dia da maratona cinematográfica de 11 dias de duração, os críticos e o público estão fazendo reverências tanto diante do filme de Stephen Frears quanto de Helen Mirren, que faz o papel-título.
A atuação de Mirren como a rainha Elizabeth, no momento em que ela é obrigada a abrir mão de sua tradicional reserva britânica para atender às exigências de uma nação que chorava a morte de Diana, é ao mesmo tempo cômica e comovente.
- Achei um grande filme - disse Lee Marshall, crítico de cinema da Screen International. - É comercialmente inteligente, porque, obviamente, seu tema é conhecido por qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, e é apresentado de maneira charmosa e irreverente.
Os dois outros filmes que vêm sendo apontados como favoritos entre os 21 que integram a competição oficial são ''Private fears in public places'', do cineasta francês Alain Resnais, e "Children of men", do mexicano Alfonso Cuarón.
Resnais, que aos 84 anos já dirigiu mais de 45 longas-metragens e em 1961 recebeu o Leão de Ouro de melhor filme, examina nossa busca desesperada por felicidade num filme intimista ambientado numa Paris recoberta de neve.
A visão apocalíptica de Cuarón sobre Londres em 2027 inclui radicais islâmicos, imigrantes ilegais e rebeldes justiceiros semeando o caos, num retrato sombrio de um mundo enlouquecido em que a humanidade nao é mais capaz de procriar e corre o risco de ser extinta.
- É um compêndio das grandes crises de nosso tempo, desde a crise demográfica até a imigração e a guerra - disse Paola Jacobbi, que cobre o festival para a edição italiana da revista "Vanity Fair". - Não apenas as pessoas deixaram de ter filhos, como todos estão em guerra com todos os outros. O filme não pode deixar ninguém indiferente.
Uma cena de guerra incomodamente realista, que lembra imagens dos noticiários de TV rodados em Bagdá ou Grozni, inclui o que parece ser sangue que esguicha sobre a lente da câmera.
Veneza se manteve fiel a sua tradição, ao incluir filmes asiáticos tanto dentro quanto fora da competição principal. Entre os cinco trabalhos do continente que fazem parte da competição oficial, destacam-se até agora "Syndromes and a century", da Tailândia, e o taiuanês "I don't want to sleep alone''.
"A dália negra'', que ganhou atenção ao inaugurar o festival este ano, recebeu críticas mistas. Scarlett Johansson protagoniza uma história baseada no hediondo assassinato da atriz novata de Hollywood Elizabeth Short, em 1947.
De tema semelhante, "Hollywoodland", com Ben Affleck, Adrien Brody e Diane Lane, leva o espectador de volta à Los Angeles de 1959, mostrando a morte misteriosa do ator George Reeves, que foi Superman na televisão.
O diretor Paul Verhoeven, famoso sobretudo por filmes que foram sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, como "O exterminador do futuro" e "Instinto selvagem", voltou à sua Holanda natal para rodar "Black book", e o thriller sobre a 2ª Guerra Mundial foi muito elogiado pelos críticos em Veneza.
Carice van Houten, que faz uma jovem judia que se infiltra no quartel-general da Gestapo para trabalhar para a resistência, é candidata a melhor atriz no festival.
"Dry Season" ("Temporada da seca"), o primeiro filme do Chade a participar da competição em Veneza, também é visto como tendo uma chance de conquistar um prêmio.
A reação da mídia aos filmes exibidos tem sido positiva até agora. Mais uma vez Veneza vem mostrando que sabe combinar a atração do glamour de Hollywood com filmes de arte mais obscuros e de escala menor.
- Cuarón apresenta um mundo sem esperança em 'Children of men'
- Crítica acolhe 'World Trade Center' com frieza
- Novo documentário mostra John Lennon como herói antiguerra
- Sonia Braga conta como foi ser dirigida por Ethan Hawke em "The hottest state"
- "Hollywoodland" tenta desvendar a morte do 1º Superman da TV
- Festival de Veneza começa com novo filme de Brian de Palma
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião