A ideia de que o crescimento populacional causa benefícios para todos soa contraintuitiva. Afinal, a economia lida com recursos finitos e, quanto mais gente no mundo, menos sobra para cada um, em média. Países pobres e populosos, como Índia e Bangladesh parecem ser a prova de que a riqueza depende do controle populacional.
O economista norte-americano Steven Landsburg lança em um ensaio publicado no livro Mais Sexo É Sexo Mais Seguro um argumento que derruba a visão catastrofista sobre crescimento populacional. Para ele, cada pessoa que vem ao mundo traz custos e benefícios que são divididos de forma desigual. Os custos mais imediatos recaem sobre a família afinal, é ela que gastará com alimentação, roupas etc. e a maior parte dos benefícios vai para a sociedade de forma geral. Entre eles está o trabalho, a criatividade e as relações com outras pessoas. Quanto aos recursos, Landsburg lembra que em geral as pessoas vivem do próprio empenho ou do que recebem da família, sem custos para outros.
Assim, quando uma família decide ter um único filho, ela pensa no próprio bem-estar e na qualidade de vida que será capaz de fornecer à criança. Para o economista, porém, o mundo não se torna um lugar melhor por causa disso. É claro que existem custos que saem do meio familiar, pois afinal todos usam bens públicos. As ruas seriam menos congestionadas se houvesse menos pessoas no mundo, por exemplo. "Após ficar preso em um congestionamento em uma tarde de verão, você vai se lembrar que o motorista na sua frente lhe impôs um custo, mas não pode se esquecer que a pessoa que inventou o ar condicionado criou um benefício", escreve Landsburg.
Para quem ainda pensa em Bangladesh, é preciso deixar claro que a demografia não é o único fator por trás do crescimento econômico. Instituições e educação, por exemplo, têm papéis ainda mais centrais. Mas fenômenos demográficos, como a migração do campo para as cidades e o baby boom do pós-guerra, estão muito ligados ao desempenho das economias industriais. Na outra ponta, países que perderam população, como nações africanas dilapidadas por três séculos de tráfico de escravos, ficaram para trás.
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