A maioria de nós não entendeu o que aconteceu no palco do Teatro Paiol, em Curitiba, na noite desta quarta-feira (30). Sem ter lido a Ilíada, no trecho em que Homero relata o mito de Pátroclo, ou Pátroclo ou o Destino, releitura poética de Marguerite Yourcenar, fica difícil apreender a história contada por meio do teatro dança de O Último Stand-Up.
Algo me diz que este era exatamente o objetivo dos Satyros, um dos grupos mais conceituados do país, com história dividida entre Curitiba, São Paulo e Portugal. Em mais um passo ousado, eles criaram um resultado inusitado que lembra a lentidão japonesa o trajeto de Pentesileia, sentada, se arrastando até Pátroclo parece durar mais que os 50 minutos da peça.
As atuações de Ivam Cabral, quase grotesco em seu stand-up patético (que mesmo assim arrancou gargalhadas), e dos elegantes bailarinos Laertes Késsimos e Silvia Wolff transformam movimento em poesia, isso não se pode negar.
A luz levou o Oscar da noite, com um escuro difuso criado pelo diretor Fabio Mazzoni. Ele chegou a pedir antes do início que o público refreasse o impulso de abrir o celular com seu brilho incômodo ao longo do espetáculo para não comprometer a luz diferenciada, mas houve quem consultasse o horário mesmo assim.
Um público um tanto estarrecido viu os atores saírem do palco para não mais voltar e bateu palmas econômicas. Ivam, que também escreveu o texto da obra, já havia avisado: "Não é um espetáculo fácil, que todo mundo vai assistir e está tudo certo".
Um teaser da peça está disponível no Youtube (é só digitar "O Último Stand-Up" e "Satyros").
Serviço
O Último Stand-UpDrama. Direção: Fabio Mazzoni. Com Os Satyros. Dia 31, às 21 horas. R$ 50 e R$ 25 (meia)Teatro Paiol (Lgo Guido Viaro, s/nº)
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