Silvino Tafner está passando a tesoura para frente. Após quase 60 anos de atuação, o pioneiro da rede de barbeiros do vale do Itajaí catarinense, que domina o centro de Curitiba, concluiu que chegou a hora de apresentar o sucessor. Seu filho Renato está acompanhando o pai há quatro meses e o momento de troca definitiva está cada vez mais próximo. “Quero seguir em frente com o legado e o ofício do meu pais”, promete o cabeludo Renato, antes de atender o telefone e agendar barba, cabelo e bigode com um cliente antigo.
Na Barbearia Oásis, que fica no térreo do sobrado da família no São Francisco, funciona a mesma linha de telefone (e o mesmo aparelho) que Silvino comprou em 1977, mas só terminou de amortizar o pagamento no Natal de 1979, quando a loja ainda funcionava na Emiliano Perneta. Coxa-branca doente, Silvino escala o grande time alviverde campeão do Torneio do Povo de 1973 como quem lê um poema e lembra que aparava as suíças do capitão Hidalgo e o bigode e as laterais da calva do presidente Evangelino Neves. Pelas suas mãos já passaram políticos importantes e travestis da Rua São Francisco. “Já barbeei até defuntos, para ficarem mais apresentáveis no velório.