Ela está fazendo trabalho de imprensa para o lançamento do DVD "Pré pós tudo bossa band - o show" (Duncan Discos); continua a turnê do mesmo disco; está em turnê com os Mutantes; tem projetos de lançar um disco com Simone e outro com Hamilton de Holanda. Semana que vem ela faz quatro shows no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, canta no Prêmio TIM e está indicada em duas categorias com os Mutantes. Zélia Duncan não é uma, são várias.

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A quem pergunta como consegue, ela ri, diz que não sabe responder "uma pergunta tão difícil" e conta uma historinha: "Uma vez tinha uma centopéia com vários sapatinhos coloridos nos pezinhos que sapateava, dançava, fazia um monte de coisas. Aí alguém lhe perguntou como ela conseguia fazer tudo aquilo ao mesmo tempo. Surpresa, ela parou para pensar e nunca mais fez nada...(gargalhada)...é por aí. Não pode pensar."

Disposição e coragem não faltam, porque bancou do próprio bolso a produção do DVD, gravado no luxuoso Auditório Ibirapuera, em São Paulo, com todos os requintes técnicos - "eu decidi que, se era pra fazer, não ia ficar com cara de independente", diz ela.

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Tudo feito num único dia de gravação, porque, com dois dias, ia ficar caríssimo. Um repertório de qualidade no qual brilham parcerias dela com Lulu Santos, Mart'nália, Moska, Christiaan Oyens, além de composições de Itamar Assumpção com Alice Ruiz e Paulo Leminsky, de Arnaldo Antunes com Pepeu Gomes e por aí vai. Zélia conta que os shows no Auditório já estavam marcados e, duas semanas antes, decidiu gravar.

- Uma semana antes eu estava no Ibirapuera com os Mutantes, a estréia no Brasil que eu nunca vou esquecer. Tinha 50 mil pessoas, uma platéia que parecia estar esperando há 30 anos - lembra. Foi no 453º aniversário da capital paulista no dia 25 de janeiro deste ano.

Daí ela e equipe partiram para a gravação em cima do roteiro da turnê que já está na estrada há mais de um ano. Ela diz que sabia poder confiar no setlist e na banda formada por Ézio Filho (contrabaixo, vocal e direção musical), Léo Brandão (teclados e acordeon), Webster Santos (Violão, guitarra, cavaco, bandolim, lapsteel e vocal), Jadna Zimmerman (percussão e flauta) e Fábio Luna (bateria e flauta).

Eternamente devota de Itamar Assumpção, Zélia colocou no roteiro uma que não tinha gravado ainda, "Próxima encarnação". E, da contratada de seu selo, Alzira E., pegou "Chega disso":

- O ano passado foi muito duro para mim pessoalmente, teve o lance dos Mutantes, uma grande alegria, mas eu sofri até aquilo acontecer. E várias outras perguntas na minha cabeça. Quando ouvi a Alzira cantar "chega dessa chaga, dessa forma, dessa farda, de qualquer forma chega", era eu dizendo para mim mesma, aí peguei a canção para mim. A do Itamar cantei nos shows que fiz com Simone, porque a letra fala "na próxima encarnação/ não quero saber de barra/ Replay de formiga não/ Eu quero nascer cigarra". Ela é conhecida como A Cigarra - explica.

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Do Pré pós tudo" só ficou uma música de fora ("Braços cruzados"), um roteiro ousado que privilegia poucos sucessos, entre eles "Catedral" em versão rock, "Verbos sujeitos" e "Alma". O bandolinista Hamilton de Holanda comparece em "Capitu", egresso do projeto "Eu me transformo em outras", de onde saiu também "Tô" e o elegante choro "Inclemência", letra de Zélia em cima de música de Guerra Peixe.

Devido ao descaso da gravadora Universal, para quem ainda deve um disco, ela se vira para divulgar seu trabalho.

- O "Pré pós" tem um monte de coisas que poderiam ter sido trabalhadas e não foram. Não é o meu trabalho, mas eu já entendi que estou sozinha e, por esforço próprio, de passar a mão no telefone, botei três músicas em novela. "Carne e osso" acabou de entrar em "Sete pecados", do Jorge Fernando (próxima novela das sete). Vi o nome da novela e tinha uma música que falava "a alegria do pecado tomou conta de mim". Liguei pro Jorge, mandei e ele aprovou - conta ela, que emplacou "Inclemência" em "O profeta" e "Dor elegante" em "Belíssima" da mesma forma.

No show, Zélia cita uma frase do poeta Paulo Leminski, autor da letra de "Dor elegante", parceria dele com Itamar Assumpção: "Isso de querer ser exatamente o que a gente é ainda vai nos levar além":

- É uma frase que me ajuda a fazer tudo que estou fazendo. Como se eu dissesse para mim mesma que, num mundo onde todo mundo está meio no bolo, você ser você mesmo é um feito. No show acho que prepara para a música seguinte "Dor elegante", que tem versos estranhos como "um homem com uma dor é muito mais elegante". É você ter orgulho da tua dor e ela ser o que te diferencia do resto - analisa

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Zélia acha que a dor de Itamar, morto por um câncer, foi elegante:

- Deselegante era o Itamar ser considerado maldito, as pessoas não conhecerem o valor dele. Isso é que é deselegante - acusa.

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