"Zona de Guerra" explora sentimentos masculinos

A paranóia e o medo são os temas centrais da montagem "Zona de Guerra", da Cia Triptal de Teatro de São Paulo, com sessões a partir deste domingo (25), no Festival de Teatro de Curitiba (FTC). O texto do dramaturgo norte-americano Eugene O´Neill, faz parte do projeto "Homens ao Mar", composto por quatro textos: "Rumo a Cardiff" (montagem do grupo que conquistou o prêmio Shell São Paulo de teatro em 2006), "Zona de Guerra", "Longa Viagem de Volta para Casa" e "Luar sob o Caribe". "Os textos foram escritos entre 1914 e 1917, mas tratam de temas atuais. Mostra a paranóia como uma força para coagir as pessoas. Era época da 1ª Guerra Mundial, quando as pessoas tinham medo dos espiões. Hoje a sociedade tem medo dos terrorristas. Foi criando uma paranóia contra os terrorristas que os EUA, por exemplo, justificou a invasão ao Iraque", comenta o diretor do espetáculo, André Garolli.A ação de "Zona de Guerra" se passa em um alojamento de um navio mercante, que transporta armas clandestinamente durante a 1ª Guerra. Um marinheiro inglês, recém incorporado ao navio, esconde uma caixa preta, enquanto todos dormem, sem perceber que estava sendo observado por dois colegas. De manhã, o grupo é informado de que entraram em uma zona de guerra e o marinheiro inglês finge dormir, despertando a desconfiança dos demais marinheiros, que suspeitam do comportamento dele. São nove personagens, todos homens, que estão confinados em um ambiente. A peça foi premiada pela APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte - na categoria de melhor espetáculo de São Paulo de 2006.

Conforme o diretor, a montagem partiu de três pilares principais: o resgate dos primeiros textos de Eugene O´Neill autor pouco traduzido no Brasil (conhecido pela autoria de "Longa Jornada Noite Adentro"); explorar o universo masculino e as maneiras como eles se comportam em situações extremas, no caso de confinamento; e explorar locais alternativos para apresentação de espetáculos. "O nosso projeto é traduzir e montar os quatro textos. Já montamos dois e estamos nos preparando para montar `Longa Viagem´ logo após o festival", disse Garolli, que tem apoio da Funarte e da Petrobras para concretização do projeto.

A peça terá três apresentações em Curitiba, no Barracão, localizado na rua Mateus Leme. "Apesar de ser um grande espaço, vamos usar um canto do Barracão, para dar a idéia de confinamento. Em São Paulo fizemos três temporadas em um edifício na Avenida Paulista para um público de 40 pessoas, e foi muito bacana. Estamos com uma grande expectativa para a apresentação no festival", afirmou o curitibano Garolli, radicado em São Paulo, que se apresenta no FTC como diretor pela primeira vez. Ele já participou do evento como ator do grupo Tapa, em edições anteriores e atualmente é um dos diretores de destaque na cena teatral brasileira. O último vencedor do prêmio Shell de Teatro em São Paulo, Antônio Araújo, diretor da peça "BR3", recebeu o prêmio desejando vida longa aos diretores Antunes Filho, André Garolli e Rodolfo Garcia Vázquez, que também disputavam o prêmio. Sinal de que Garolli vem conquistando o reconhecimento dos colegas.

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Serviço: Zona de Guerra. Domingo (25), segunda-feira (26) e terça-feira (27) às 20h30. Barracão (Rua Mateus Leme, 2926). R$ 26,00.