Diante do avanço de mais de 2% do dólar no final da tarde desta sexta-feira (18), chegando a se aproximar de R$ 2,06, o Banco Central voltou a intervir no mercado para segurar a cotação da moeda norte-americana. Segundo operadores, a autoridade monetária buscou corrigir a alta exagerada, um movimento considerado volátil demais e evitar possíveis impactos inflacionários.
O dólar fechou o dia com alta de 0,62%, cotado a R$ 2,0185 na venda, depois de bater na máxima do dia, de R$ 2,0577, com valorização de 2,57%.
Na semana, a divisa norte-americana acumulou avanço de 3,20% e, no ano, já se valorizou 8,03%. O dólar ainda fechou a semana na maior cotação desde 22 de junho de 2009, quando encerrou o período cotado a R$ 2,023.
"O BC tinha que entrar (no mercado) para a moeda parar de subir. O mercado estava completamente distorcido. Ele (BC) atuou para evitar essa distorção", disse o operador de câmbio da B&T Corretora de Câmbio Marcos Trabbold.
O BC vendeu todos os 13 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados nesta sexta-feira, com vencimento em 1º de junho. A operação equivaleu a um volume financeiro de US$ 654,3 milhões de dólares.
A última vez que o BC havia feito um leilão de swap cambial tradicional foi no dia 28 de outubro do ano passado, para rolar alguns contratos que estavam vencendo.
Pouco mais de um mês antes, a autoridade monetária havia voltado a fazer esse tipo de intervenção, em 22 de setembro, quando a moeda norte-americana estava no patamar de R$ 1,90.
Além de evitar distorções no mercado, Trabbold acredita que o BC também quer evitar um impacto mais forte na inflação.
No entanto, depois do swap e de várias altas seguidas - o dólar subiu em cinco das últimas seis sessões -, o operador diz acreditar que a moeda norte-americana pode ter uma correção técnica na segunda-feira.
"Segunda-feira a moeda pode recuar um pouco. Se subir de novo e bater os R$ 2,05, o próprio mercado vai se corrigir, porque sabe que perto disso o BC pode atuar", afirmou.
O operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovídio Soares também avalia que o BC quis mostrar que está atento. "O mercado exagerou muito hoje na alta e por isso o BC entrou, para mostrar que está vivo", completou.
Soares não descarta que o dólar possa voltar a subir caso o mercado internacional continue negativo e volte se deteriorar com a questão da Grécia. No entanto, o BC voltaria a atuar para conter essa valorização excessiva, ainda de acordo com o operador.