O dólar fechou esta quarta-feira a maior alta diária em mais de um ano, seguindo o cenário global pessimista. A moeda americana subiu 2,64% a R$ 1,868, o maior valor desde 21 de setembro de 2007, quando terminou cotada a R$ 1,869.
Números divulgados pelo Banco Central brasileiro mostraram que nos primeiros dias de setembro o fluxo cambial ficou positivo em R$ 4,3 bilhão. Para alguns economistas, os números reforçam a tese de que a alta recente do dólar é especulativa, já que não há falta da moeda no mercado.
Os mercados de ações voltaram a registrar fortes perdas no mundo inteiro nesta quarta-feira, apesar de o Fed, banco central americano, ter anunciado nesta terça-feira a injeção de US$ 85 bilhões na seguradora American International Group (AIG) para evitar o agravamento da crise do sistema financeiro global. Isso porque os investidores não se convenceram de que a medida será suficiente para salvar a empresa.
O dia começou em queda e as perdas foram se intensificando, sobretudo no Brasil, que sofre com a fuga dos investidores estrangeiros. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), chegou a cair 6,61%, mas no fim do dia, o ritmo de queda foi desacelerando, depois que a Comissão de Valores Mobiliários do Estados Unidos adotou regras para diminuir as operações de risco no mercado de ações, proibindo as vendas a descoberto.
Por volta das 16h30, o Ibovespa caía 4,08% a 47.223 pontos e o risco-país saltava 7,06 % aos 364 pontos. Entre os ativos de maior peso na carteira, Petrobras PN cedia 0,13%, para R$ 31,26; Vale PNA caía 4,44%, para a R$ 33,33.
No mesmo horário em Nova York, o indicador industrial Dow Jones perdia 2,40%, o Nasdaq, das ações de tecnologia, caía 3% e o S&P500 declinava 2,82%, repercutindo também dados que mostram que o número de novas moradias caiu 6,2% nos EUA em agosto, ao menor nível em 17 anos, taxa anual de 895 mil unidades.
Para os economistas, os fundos atrelados aos juros continuam sendo um porto seguro para os investidores.
No mercado futuro, o petróleo leve sobia 4,61% a US$ 97,190 afetado pela desvalorização do dólar frente ao euro, ao iene e à libra. Em Londres, o barril tipo Brent sobe 5,81% a US$ 94,73.
Tesouro americano dará dinheiro ao Fed
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou que fará leilões de título da dívida para o banco central do país. A medida, como explicou o organismo, é um esforço para ajudar o Fed a continuar dando liquidez para o mercado financeiro. Em comunicado, o Tesouro avisou que fornecerá recursos para a autoridade monetária dos Estados Unidos por meio de um novo programa de leilão visando financiar as operações do Fed.
O organismo do governo americano levantará os recursos em um programa temporário de leilões de títulos do Tesouro conhecido por Programa de Financiamento Suplementar.
Os investidores também continuam repercutindo hoje a decisão BC dos EUA de manter a taxa de juros estável em 2% . Ontem, a reação foi boa, hoje, nem tanto.
De acordo com reportagem do jornal "Financial Times", os títulos dos países emergentes tendema ser os primeiros a ser vendidos pelo investidores.
O ministro da Fazenda Guido Mantega disse nesta quarta-feira que o governo brasileiro pode ajudar as empresas se houve escassez de crédito.
Bolsas européias fecham com perdas
Na Europa, as principais bolsas abriram em leve alta nesta quarta-feira, mas já inverteram a tendência e fecharam com perdas. O índice londrino FTSE caiu 2,02% a 4.924, 5 pontos. Em Frankfurt, o Dax Xetra recuou 1,75% a 5.860,98 pontos. Em Paris, o CAC-40 perdeu 2,14% a 4.000,11 pontos.
Na Ásia, o índice Nikkei fechou em alta de 1,2%, depois de registrar queda de quase 5% no dia anterior. A Bolsa de Hong Kong, que havia aberto em alta de 2,13%, fechou em baixa de 3,63%. A Bolsa de Xangai encerrou a sessão em queda de 2,9%, afetada pelos temores que o impacto da crise financeira nos Estados Unidos terá sobre a economia da China.
O Banco do Japão (BOJ) injetou nesta quarta-feira 1 trilhão de ienes (quase US$ 9,4 bilhões) no mercado para aliviar os problemas financeiros, informou a agência de notícias local Kyodo. Com isso, dá seqüência à injeção de recursos que BCs dos Estados Unidos, Europa e Ásia vêm realizando, desde o anúncio da concordata do Lehman Brothers na segunda-feira , que já superam US$ 350 bilhões.