Na semana passada, duas pessoas me perguntaram se já não era hora de comprar ações da Petrobras, já que elas vinham em trajetória de queda há tanto tempo. Essa é a pergunta do momento, e creio que a resposta o próprio dia a dia da bolsa está dando: não, a menos que você tenha plena consciência de que está assumindo um risco bastante intenso ou tenha informantes na casa real da Arábia Saudita.
Não quero me alongar muito nisso, porque esta Gazeta publicou uma excelente reportagem de Fernando Jasper sobre o assunto na segunda-feira, intitulada "O poço pode ser mais fundo". Poucas vezes, aliás, uma matéria chegou às bancas com um timing tão apropriado. Naquele mesmo dia, as ações da empresa caíram 8% portanto, o repórter pode muito bem ter salvo as economias de algumas pessoas por aí.
O que me cabe alertar é que pode, sim, haver excelentes oportunidades na bolsa, com ações que perderam bastante valor nos últimos meses. A questão é que muitas delas afundaram por questões ligadas a si mesmas e ao seu mercado, e ainda não está muito claro o horizonte de recuperação. Assim, elas são apostas arriscadas.
Para os aficcionados do investimento em bolsa, é nisso que mora toda a graça: comprar no momento certo, quando ninguém prestava atenção em um papel ou achava que ele perderia ainda mais valor. A tacada perfeita. A questão é que ela exige dinheiro disponível e uma boa dose de desprendimento, porque se o palpite der errado você pode demorar bastante para recuperar seu investimento inicial.
Pense, por exemplo, na história das ações da própria Petrobras. A cotação máxima de fechamento do ano passado foi de R$ 24,56 (PETR4, ações preferenciais), em 2 de setembro, quando começava a queda do petróleo no mercado internacional e antes de os casos de corrupção tomarem a proporção atual. Aí o preço começou a rolar escada abaixo. Em meados de novembro, quando os papéis ficaram abaixo dos R$ 13 começou a conversa de que "está barato demais" e, de fato, eles subiram por três dias. Só três dias.
O fato é que a conjuntura não está positiva para muitas das nossas grandes empresas. O cenário para o ferro e o aço (onde atuam gigantes como Vale e Gerdau), por exemplo, é sombrio. A AmBev, sócia do maior grupo cervejeiro do mundo, também não está tranquila. Veja o que diz sobre a empresa relatório de Lenon Borges, analista da corretora Ativa: "Para 2015, sem os efeitos relacionados a Copa do Mundo e em meio a uma conjuntura macroeconômica deteriorada, a expectativa da indústria de cerveja é de manutenção dos volumes produzidos em 2014".
Só sete
A Economatica, empresa de informações sobre o mercado de ações, fez um levantamento abrangendo o desempenho de 151 ações que tiveram volume financeiro médio diário superior a R$ 1 milhão nos últimos quatro anos. De todo esse grupo, somente sete companhias fecharam em alta em todos os quatro anos. Foram Cielo ON, Equatorial ON, Klabin PN, BRF ON, Cemig ON, Embraer ON e Bradesco ON.
Como rentabilidade passada não garante ganhos futuros, essa lista não significa muita coisa. Melhor é procurar entender o que essas companhias fizeram de bom, e quais outras empresas seguem estratégias parecidas.
Só para lembrar
O objetivo desta coluna é ajudar na educação financeira, e não indicar ativos, investimentos ou casas prestadoras de serviços. Nunca deixe de estudar e conhecer bem o mercado em que pretende investir.
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