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Velha conhecida

Três razões por que os investidores se mantêm fiéis à caderneta de poupança.

• É um produto conhecido e fácil de entender.

• Tem baixo risco,

• A diferença de rentabilidade em relação aos fundos é irrelevante. Em muitos casos, é até favorável à caderneta.

E você?

O leitor também guarda dinheiro na caderneta de poupança? Por quê? Mande seus argumentos para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

Algo interessante está acontecendo com a caderneta de poupança. Desde 30 de maio, quando a taxa de juros Selic caiu para 8,5%, a aplicação perdeu rentabilidade – deixou de pagar 0,5% ao mês mais a taxa referencial TR e passou a render 70% da Selic. Mesmo assim, ela vem batendo recordes. O saldo no encerramento de julho foi o maior da história: R$ 442,6 bilhões, segundo o Banco Central.

Os dados de julho ainda não estão publicados no site da instituição, mas alguns números já estão saindo – e eles são igualmente impressionantes. A captação líquida (depósitos menos resgates) foi de R$ 8,3 bilhões, o melhor resultado para um mês de julho desde o início do Plano Real. E a Caixa Econômica Federal, líder nesse tipo de aplicação, relata que captou R$ 3,6 bilhões, um valor inédito. Se, nesses dois meses, a poupança bateu recorde sobre recorde, parece razoável concluir que a mudança de regras não alterou o status da poupança. Ela continua sendo a forma de guardar dinheiro preferida do cidadão deste país.

É curioso que seja assim, porque a ideia da intervenção era justamente tornar a caderneta menos atraente. Relembrando: ao reduzir os juros do país, o Banco Central encontrou um obstáculo importante na poupança. Primeiro, porque uma caderneta que pagasse mais do que os títulos públicos (cuja remuneração tem na Selic seu principal parâmetro) impediria o funcionamento dos mecanismos de financiamento da dívida pública – afinal, quem investiria em papéis do governo quando poderia obter mais na poupança? Segundo, se nós almejamos pagar juros de 4,5% no financiamento para compra de um bem, não faz sentido algum ter uma aplicação financeira capaz de render mais do que isso. Uma situação como essa levaria à falta de crescimento, porque as pessoas reduziriam o consumo ao básico e passariam a viver das rendas da caderneta.

O professor José Guilherme Vieira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), acredita que esse comportamento tem um lado bastante racional. "As taxas da poupança podem ter caído, mas ainda são bastante boas em relação ao que se paga no mercado. Além disso, ela é segura como nenhuma outra aplicação", resume. Por outro lado, a concorrência dos fundos DI e de renda fixa está enfraquecida. Os pontos negativos dos fundos são importantes: tributação (15% a 22,5% do rendimento, dependendo do tempo de aplicação), taxa de administração (ainda há quem cobre 4% ao ano sobre o capital investido, um valor absurdo na atual conjuntura) e liquidez diferenciada (a maioria dos fundos exige que o cliente peça o resgate em um dia e saque o dinheiro em outro). "Os fundos de renda fixa e DI estão caindo em desgosto. Isso explica a migração para a poupança", diz.

Menos racional é a comparação entre a poupança e o Tesouro Direto. Os títulos públicos ofertados por esse canal são uma opção de investimento bastante competitiva. A tributação é a mesma dos fundos, mas tem vantagens em termos de rendimento. Perde em tradição: a poupança é uma instituição centenária, o Tesouro Direto tem dez anos de idade.

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