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Quer aprender um pouco sobre preços? Proponho um desafio didático: vá comprar um ventilador.

No interior do Paraná e em outros lugares do país, ventilador é artigo de primeira necessidade. Um pesquisa do Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética (Procel Info) mostrou que ele é o terceiro aparelho eletrônico mais frequente nos domicílios do Sul do Brasil. Em 2005 (data da pesquisa, não há dado mais recente) o país tinha 1,1 ventilador, em média, por residência – no ranking de posse, perdia apenas para os aparelhos de tevê (1,63 por domicílio) e para o chuveiro elétrico (1,17 unidade). Toda casa tem pelo menos um, que fica na sala durante o dia e se muda para o quarto à noite. Em Curitiba, onde temperaturas próximas à faixa dos 30º C são difíceis de encontrar, eles não são tão comuns. Em listas de presentes de casamento – um indicador de popularidade de eletrodomésticos –, por exemplo, eles às vezes nem aparecem.

Desde o mês passado, entretanto, os ventiladores voltaram à lembrança das famílias curitibanas, graças a uma longa sequência de dias quentes e sem chuva. E os estoques de aparelhos foram diminuindo à medida que a onda de calor se alongava. Novos aparelhos chegaram às lojas, mas a procura se mantinha em alta. No fim de semana, ouvi de um amigo que tem comércio em duas cidades da região metropolitana histórias de gente que percorreu 20 quilômetros ou mais para comprar um aparelho. As pessoas realmente não estavam achando o produto em lugar nenhum, ao menos não a preços que consideravam aceitáveis. E a diferença de preço pode ser grande o suficiente para justificar o tempo e o combustível gasto no deslocamento.

A lei da oferta e da procura, essa danada! Ela está em ação todo o tempo, e o tempo dos últimos dias nos dá uma aula prática de seu funcionamento. Está nas lojas de eletros, nos supermercados, nas ruas. O preço da alface – que subiu em Curitiba 6,5% entre 13 de dezembro e 15 de janeiro, segundo a pesquisa do IPCA-15, do IBGE – é um exemplo disso. O calor e a falta de chuvas prejudicou a produção dessa verdura, que é muito sensível à variação climática. Resultado: preço em alta.

Segundo o Simepar, há pouca chance de entrada de ar mais frio no Paraná nos próximos dias. O que significa que o calor continuará, para alegria dos vendedores de ventilador. Mas há chance de ocorrência daquelas pancadas de chuva que fazem a alegria dos vendedores de guarda-chuvas no centro de Curitiba – a mercadoria dobra de preço imediatamente e saem à rua os ambulantes gritando que "Guarda-chuvão vai a R$ 10!"

Pouco tempo

Quando os preços sobem, menos gente está disposta a pagar pelo produto. Em um exemplo exagerado, é como se um ventilador de R$ 100 subitamente passasse a custar R$ 300 – você pagaria? A tendência, portanto, é que demanda, oferta e preços busquem um equilíbrio.

No nosso caso atual, isso dificilmente vai ocorrer, porque o prazo é curto. Daqui a alguns dias voltará a chover e poucos curitibanos vão se lembrar do ventilador – ao menos até a próxima onda de calor.

Curiosidade

Na pesquisa do Procel, de 2005, apenas 0,2% das famílias do Sul do país declaravam intenção de comprar um novo ventilador ou circulador de ar. Se o levantamento fosse feito hoje, o resultado seria bem diferente...

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