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Arqui-inimigas

Conflitos no ambiente corporativo são extremamente comuns, afinal, qualquer discordância de opiniões pode gerar um desacordo. Aliás, qualquer coisa, um simples olhar atravessado, pode gerar um conflito. Foi o que aconteceu com Mariana e Débora. Mariana trabalhava há alguns anos numa empresa que oferece serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), na área comercial e, desde que entrara na companhia, sempre se dera bem com todos os colegas de trabalho. Até que Débora entrou na organização para trabalhar na área operacional, como suporte ao usuário. Débora era uma moça humilde, em todos os sentidos possíveis da palavra, mas extremamente comunicativa.

Por ser nova na empresa, nos primeiros dias Débora almoçava sozinha, sem conseguir se enturmar. Alguns dias depois, porém, alguns colegas de sua área começaram a lhe convidar para almoçarem juntos. A moça aceitou todos os convites e, menos de um mês depois, já se sentia pertencente ao grupo. Sentia-se tão à vontade que volta e meia soltava algumas piadinhas, e algumas colocações inteligentes, que começaram a fazer dela uma das pessoas mais gostosas de conviver naquela organização.

Enquanto isso, Mariana, que até então era sempre o centro das atenções, começou a observar o desenvolvimento social da novata, e, sem que se desse conta, passou a se sentir demasiadamente incomodada com a presença da moça, independente da situação em que se encontravam. Como não eram do mesmo setor, raros eram os momentos em que ambas precisavam conviver, mas, sempre que isso acontecia, era visível o desconforto de Mariana em relação a Débora.

Provavelmente, na cabeça da vendedora, era inconcebível uma menina tão mais nova, tanto em relação à idade, quanto ao tempo de casa, dar-se bem com as pessoas que antes a achavam a pessoa mais engraçada, divertida e agradável da empresa. O ciúme era evidente e, para garantir seu espaço, Mariana começou a usar suas próprias armas para reconquistar (já que ela imaginava que tinha perdido os amigos) cada colega de trabalho.

Por vezes, mandava e-mails engraçadinhos, por outras, convidava para almoços inusitados. Os presentes de aniversário de Mariana sempre se sobressaiam em relação ás lembrancinhas que os demais davam aos colegas. Débora, por sua vez, nem notava tal comportamento e pouca importância dava a tudo isso. Pelo contrário, seguia adiante com seu jeito autêntico, conquistando a afeição de seus colegas cada vez mais. Ela não precisava de artifícios, nem de artimanhas mirabolantes. Era sempre muito sincera e não se forçava a ser uma pessoa querida. Ela, simplesmente, era do jeito que era e, talvez seja por isso, arrebatava amizades facilmente.

O conflito não era algo manifestado, pelo contrário... Mariana alimentava dentro de si própria algo muito ruim em relação àquela moça. As pessoas mais observadoras, porém, notavam que ela mudava seu comportamento na presença de Débora. Quando a moça estava por perto, ela não sorria tanto, não brincava, nem mesmo fazia comentários, fossem eles de qualquer natureza, inclusive os profissionais e necessários.

Até que um dia, durante um happy hour marcado por Débora, Mariana bebeu alguns mililitros a mais de álcool e deu um vexame histórico. Em meio às palavras desconexas que falou, disse que não queria perder a amizade de todos por causa de uma novata e se referiu a Debora sempre com palavras de desdém. Uma de suas colegas pediu que ela maneirasse nas palavras, mas já era tarde. Antes de ir embora, Mariana ainda teve tempo de dizer à Débora que não gostava dela e que torceria ardentemente para que ela fosse demitida o quanto antes.

É claro que isso não aconteceu, pois a moça era muito boa no que fazia. Porém, o "climão" entre as duas permaneceu por muito tempo, até que Mariana recebeu uma oferta muito boa de trabalho e pediu o desligamento da empresa. Até hoje, nenhuma das duas sabe explicar o que levou Mariana àquela conduta. A única coisa que sabem é que a relação de ambas, depois daquele ocorrido, nunca mais foi a mesma. Tornaram-se inimigas profissionais e evitavam, até mesmo, cruzarem olhares, o que gerava um desconforto quase que geral na empresa.

Conflitos existem aonde existirem seres humanos. Cabe à empresa e aos gestores amenizarem esses conflitos para que, algo semelhante ao que aconteceu com Mariana e Débora, não ocorra em nenhuma equipe.

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