Constantemente bato numa tecla que considero bastante importante dentro das empresas: o clima organizacional que deve ser sempre agradável aos colaboradores. Porém, por mais que a empresa cuide para que isso aconteça, ela sempre correrá o risco de ser "boicotada" por um ou outro profissional com preceitos éticos distorcidos. De nada adianta a empresa oferecer aos seus funcionários o ambiente perfeito, se lá existirem pessoas que não compartilham dessa opinião e que não se importam com o bem-estar alheio. Refiro-me aos profissionais que passam por cima de qualquer coisa, ou qualquer pessoa, para conseguirem o que querem.

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Rafaela, uma profissional da área comercial, sentiu na pele o efeito disso. A moça trabalhava numa empresa de pequeno porte há muitos anos como vendedora. Ela não possuía muitas aspirações e se sentia completamente realizada com seu cargo e salário. Sem muitas ambições, a moça acreditava que já havia alcançado tudo que podia querer e, por isso, continuava fazendo seu costumeiro trabalho, sem se importar com o movimento da empresa e do mercado. Curiosamente, era uma das funcionárias com maiores comissões de vendas, mas isso se dava muito mais à sua competência do que seu esforço para vender bem e, consequentemente, ganhar bem.

Ao lado de Rafaela, trabalhava Janaína, uma jovem poucos anos mais nova que a colega tanto na idade, quanto em tempo de casa. Janaína, porém, era ambiciosa. Sempre que almoçava com Rafaela, contava o quanto desejava crescer na empresa. A jovem fazia planos de ampliação da organização para outros Estados brasileiros, imaginava o quanto sua área poderia crescer e calculava o salário que ambas poderiam alcançar se pudessem vender para outras regiões do país. Para Rafaela, tudo aquilo não passava de brincadeiras, já que para ela tudo estava em perfeitas condições. Por outro lado, para Janaína, aquilo era muito sério, e o que ela pudesse fazer para alcançar seus sonhos, faria.

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Ao longo do tempo, as moças foram estreitando seus laços. Rafaela nunca vira maldade nas ações de Janaína. Só foi entender o quanto estava enganada quando sentiu seu tapete puxado pela colega. Após 30 dias de merecido descanso, Rafaela voltou de férias com todo o entusiasmo pertinente a alguém que passa relaxantes dias à beira de uma praia.

Foi então que ela descobriu que Janaína havia sido promovida a Gerente de Vendas. Surpresa pelas novidades e sem entender muito bem do que se tratava, num primeiro momento Rafaela chegou a vibrar pelo sucesso de sua colega. Parabenizou pelo novo posto e se colocou à disposição para ajudá-la sempre que necessário. Ao chegar em casa naquele primeiro dia e tentar organizar seus pensamentos, a moça percebeu tudo que estava acontecendo. Achou estranho Janaína ter conseguido se tornar Gerente, já que anteriormente esse posto não existia. Por se tratar de uma pequena empresa, anteriormente os controles de vendas eram feitos diretamente pelo dono da empresa. Ficou divida entre concordar com a importância de existir alguém responsável por criar e mensurar metas, e discordar sobre a escolha de seu chefe em promover sua colega tão mais nova (Rafaela já havia completado cinco anos de empresa, enquanto sua colega não chegara ao seu segundo ano ali dentro). Atordoada com suas indignações, a moça tentou se convencer de que talvez a moça pudesse realmente merecer tal promoção e se conformou com a nova condição de subordinação à Janaína.

No dia seguinte, porém, logo que chegou ao escritório, foi chamada para uma reunião com a nova chefe. Para sua surpresa e completo estado de decepção, foi comunicada pela colega que ela estava demitida. Segundo Janaína, Rafaela não possuía o perfil que a organização precisava para sua área comercial. Daquele dia em diante, a nova Gerente buscaria profissionais mais agressivos e ambiciosos.

Até hoje, alguns anos após o ocorrido, Rafaela não sabe se conseguiu perdoar Janaína. Já recolocada, a moça passou a entender a importância de estar sempre alerta dentro da empresa, mesmo que todos a sua volta pareçam amigos. Discordo de Rafaela em apenas um detalhe: Janaína certamente fez por merecer sua promoção, afinal ninguém é promovido sem merecer. Porém, conhecendo a história de Rafaela, imagino que se ela tivesse sido menos inocente poderia até hoje responder por aquela empresa.

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